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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Após 'fim' de emergência da covid, Brasil vai no sentido contrário do mundo

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Marcelo Queiroga durante cerimônia de contratação do programa Médicos pelo Brasil - FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Marcelo Queiroga durante cerimônia de contratação do programa Médicos pelo Brasil Imagem: FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

01/06/2022 15h22

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Dados divulgados nesta quarta-feira pela OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam que, na semana que terminou no último domingo, o número de novos casos globais da covid-19 voltou a cair, assim como o de óbitos. Mas, no caso brasileiro, a tendência vai no sentido contrário.

Segundo a entidade, o pico semanal no mundo foi registrado em janeiro de 2022, quando mais de 20 milhões de novos casos foram identificados em apenas sete dias. Mas, na semana entre os dias 23 e 29 de maio, 3,3 milhões de novos casos foram registrados, 11% a menos que na semana anterior e numa queda constante.

A curva das mortes também aponta para uma queda consistente, com 9,6 mil óbitos na última semana em todo o mundo, 3% a menos que sete dias antes. O número é bem inferior às mais de 80 vítimas fatais, há menos de seis meses.

Apesar do avanço no controle da doença, os dados da OMS revelam que nem todas as regiões apresentam o mesmo percurso. Nos EUA, foram 2,4 mil mortes nos últimos sete dias, um aumento de 25% em comparação à semana anterior.

O Brasil, que tinha saído da lista dos locais com maior número de óbitos semanais, voltou a ser citado. Hoje, a OMS indica que o aumento de 16% nas mortes no país colocou o Brasil uma vez mais na segunda posição mundial, com 826. A terceira posição é da Itália, seguida pela Rússia e China.

No que se refere ao número de novas contaminações, o Brasil não aparece entre os cinco países com maior taxa na semana. Mas ocupa a segunda colocação nas Américas e com um salto de 63% em apenas sete dias. No total, foram 158 mil novas contaminações. Acima do Brasil ainda estão países como os EUA, com 736 mil novos casos, China (576 mil), Austrália (294 mil), Japão (203 mil) e a Alemanha (183 mil).

Os dados da OMS apontando uma alta de casos no Brasil coincidem com uma recomendação em São Paulo para que a população volte a usar máscaras em recintos fechados. A prefeitura da capital paulista não irá obrigar o use da proteção por enquanto, mas voltou a recomendar a máscaras depois de avaliar os índices da pandemia.

Numa coletiva de imprensa nesta quarta-feira, em Genebra, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, insistiu que, apesar da queda global dos números, regiões com o continente americano continuam a registrar um aumento de casos. "Mais uma vez eu digo: a pandemia não terminou", afirmou.

Na semana passada, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, esteve na OMS. Em seu discurso, ele omitiu o número de mortes no Brasil e não fez qualquer referência ao fato de que a comunidade internacional precisaria manter a atenção diante da pandemia. Sua participação ainda ocorreu dias depois que o fim da emergência sanitária tinha sido declarado no país.

Um dias antes do discurso de Queiroga na OMS, a coluna obteve trechos de sua mensagem, qualificadas como "ufanista" por membros de seu próprio ministério.