Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Sem alinhamentos automáticos, Lula se reunirá com China e EUA
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Num gesto que mostra o equilíbrio no posicionamento do Brasil no cenário internacional, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva se reúne durante a Cúpula do Clima (COP27) nesta terça-feira com Xie Zhen Hua, o Alto Representante Chinês para o Clima. O encontro ocorre no mesmo dia em que Lula estará com John Kerry, o enviado de Joe Biden.
Ao manter o diálogo com as duas potências, Lula quer ainda dar um sinal claro de que não haverá um alinhamento automático nem com a Casa Branca e nem com Pequim. Americanos e chineses vivem um momento de tensão, com uma crise que muitos temem que poderá bloquear negociações em diversos setores, inclusive nos debates sobre meio ambiente.
No debate ambiental, os chineses insistem que as exigências colocadas sobre os países emergentes não podem ser as mesmas daquelas estabelecidas sobre as economias que, por séculos, contribuíram com emissões de CO2.
Já os países ricos alertam que, sem um compromisso ambicioso por parte da China em cortes de emissões, não há como atingir as metas de frear o aquecimento do planeta. Hoje, os chineses estão entre os líderes entre os maiores emissores do mundo.
Para observadores, o fato de Lula encontrar no mesmo dia americanos e chineses manda um sinal de que o Brasil quer ouvir todos os lados, sem um alinhamento automático.
Alguns dos arquitetos da nova política externa brasileira acreditam que o Brasil deve trabalhar no cenário internacional para ampliar os polos de poder, e frear qualquer tentativa de ver o estabelecimento de um mundo multipolar.
É considerado estratégico, portanto, reforçar a ideia do multilateralismo e alianças que possam ampliar os processos democráticos na tomada de decisão no mundo.
No caso específico da China, o interesse do Brasil é o de ampliar a cooperação com seu maior parceiro comercial. Mas não se limitar apenas a vender matéria-prima. O diálogo com Pequim, portanto, passa também por compromissos em outros setores, entre eles o ambiental.
No caso de Kerry, o encontro é reservado, mas o tom do brasileiro será o de dar garantias ao americano de que seu governo colocará a questão ambiental no centro da estratégia de politica externa, além de dar sinalizações de que recursos serão colocados para reerguer órgãos ambientais no Brasil. Lula, porém, também leva um discurso para a COP27 de que tal mudança não significa abrir mão da soberania nacional e que todos os projetos de cooperação serão feitos com a liderança do governo brasileiro quando o assunto for a Amazônia.
Do lado americano, a Casa Branca insiste que quer estabelecer um novo capítulo de cooperação com o Brasil, depois de anos turbulentos com Bolsonaro. Mas vai querer ver, do lado brasileiro, compromissos e metas reais de redução do desmatamento.
O tom, porém, será o de que os dois países querem "reiniciar" a relação bilateral, agora sob nova lógica.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.