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Qatar é suspeito de subornar políticos europeus; pelo menos 5 são detidos
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A Copa do Mundo sequer terminou. Mas as revelações sobre o envolvimento do Qatar e europeus começam a chacoalhar a política europeia. Neste fim de semana, pelo menos 16 operações policiais foram realizadas pelas autoridades da Bélgica, levando à prisão pelo menos cinco pessoas sob a suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.
A investigação se refere ao lobby feito pelo regime do Qatar dentro do Parlamento Europeu, além de sindicatos e ONGs. Doha passou a ser alvo de duras críticas por conta de sua situação de direitos humanos. Mas, mesmo em locais no Ocidente, contava com vozes que faziam eco aos seus argumentos.
O governo do Qatar emitiu um comunicado neste domingo (11) "categoricamente rejeitando qualquer tentativa de associar o país com acusações de condutas".
Um dos alvos da operação foi Eva Kaili, deputada socialista grega e vice-presidente do Parlamento Europeu. Nos últimos meses, ela se transformou numa das principais defensoras da situação de direitos humanos no Qatar. Antes da Copa do Mundo, chegou a classificar o país como um protagonista na defesa dos direitos fundamentais.
Em 24 de novembro, enquanto o Parlamento adotava uma resolução condenando a morte de milhares de trabalhadores migrantes no Qatar, a vice-presidente pediu a palavra para defender a "transformação histórica" do país. Com viagens ao Qatar, ela insistia que a Copa tinha gerado avanço real para a situação dos direitos humanos.
A operação também focou em sindicalistas e ONGs. Um dos detidos foi Luca Visentini, secretário-geral da Confederação Internacional dos Sindicatos, a ITUC. Se dezenas de entidades trabalhistas e mesmo a OIT (Organização Internacional do Trabalho) denunciavam a situação no Qatar, a ITUC era um das únicas a se manter em total silêncio diante das violações e até mesmo elogiar o regime no país do Golfo.
O lobby do Qatar, de fato, envolveu uma operação para influenciar a OIT. Seu ministro do Trabalho chegou a ser eleito vice-presidente do conselho da entidade, em maio de 2022. E, desde 2014, uma ofensiva foi realizada para tentar impedir que o país fosse alvo de escrutínio na organização com sede em Genebra.
Outro detido foi Francesco Giorgi, conselheiro do Parlamento Europeu para temas de Oriente Médio e fundador de uma ONG, a Fight Impunity (luta contra impunidade, em tradução livre).
Pier Antonio Panzeri, da mesma organização, também já foi um parlamentar europeu e foi detido na sexta (9), assim como sua esposa e sua filha. Na denúncia, a polícia o acusava de "intervir politicamente como membros do Parlamento Europeu pelo benefício do Qatar e Marrocos".
Outro detido foi Niccolò Figà-Talamanca, chefe da ONG No Peace Without Justice (não já paz sem justiça, em tradução livre). Sua entidade contava com membros de honra como o ex-primeiro-ministro francês Bernard Cazeneuve e até a ex-chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini. No sábado, ela renunciou de seu cargo.
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