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Lula usará operações contra garimpo para convencer Biden a liberar recursos
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca nesta quinta-feira nos EUA e, amanhã, realiza seu primeiro encontro com o presidente Joe Biden. Se a viagem marca um esforço do novo governo em restabelecer relações com os americanos, diplomatas e o Palácio do Planalto esperam que o encontro sinalize um compromisso dos EUA de liberar recursos para o combate ao desmatamento e, especificamente, uma ajuda na Amazônia.
Negociações ainda estão ocorrendo sobre um eventual comunicado final do encontro. Mas, ao contrário do que havia esperado o Palácio do Planalto, os americanos exigiram que não houvesse uma coletiva de imprensa entre os dois líderes nos jardins da Casa Branca e reduziu o encontro para apenas uma hora de duração. Não haverá uma recepção ao brasileiro, jantar ou almoço oferecido pelos americanos.
Para mostrar que o Brasil não mudou apenas seu discurso e abandonou o negacionismo climático de Jair Bolsonaro, Lula e sua delegação vão deixar claro que as operações contra o garimpo, as ações para socorrer os indígenas e a reconstrução das instituições já estão ocorrendo.
A operação do Ibama, Funai e Força Nacional de Segurança Pública iniciada na quarta-feira ainda pode ser mencionada pelo governo brasileiro como uma prova de que há uma mudança real. .
Se em todos os demais dossiês a expectativa é de apenas iniciar um diálogo político e para que os chefes de Estado orientem suas equipes sobre como trabalhar nos próximos meses, a esperança de Lula é de sair de Washington com pelo menos um compromisso por parte de Biden em temas ambientais. Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, também acompanhará o presidente, e tem insistindo na necessidade de que os países ricos façam sua contraparte ao desembolsar recursos para ajudar os emergentes a lidar com a situação climática e ambiental.
Para isso, o Palácio do Planalto chega ao encontro na Casa Branca com políticas efetivas. Lula vai mostrar que seu governo tomou as seguintes iniciativas concretas:
- O início de uma ação real contra os crimes ambientais:
- A operação para o resgate do povo yanomami e a expulsão dos garimpeiros
Não se trata, segundo negociadores, de "passar o pires". Mas o Planalto sabe que o governo americano não irá abrir a torneira apenas como um gesto de boa vontade ou graças a uma mudança de discurso por parte do Brasil.
O gesto é uma mudança ainda profunda em relação ao comportamento de Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, que foi interpretado como "chantagista" por parte de observadores internacionais, ao solicitar o dinheiro americano.
Biden já deixou claro que conta com US$ 20 bilhões para ajudar países a proteger suas florestas, um valor muito superior até mesmo ao que o Fundo Amazônia jamais acumulou. Mas a Casa Branca alegou que, antes, queria garantias de que governos estão agindo. "Não existe cheque em branco nos EUA", afirmou um negociador.
Diplomatas ainda sinalizaram ao UOL que existe, de fato, uma esperança de que algo possa ser anunciado. Por enquanto, porém, o governo se limita a indicar que o tema do dinheiro para a questão ambiental está sobre a mesa.
Na nota oficial emitida pelo Palácio do Planalto, o governo destaca que um dos principais pontos da agenda é "a reativação do compromisso brasileiro com a conservação ambiental e a busca de um maior engajamento dos países desenvolvidos no cumprimento de seus compromissos de financiamento na área climática".
Mas há ainda uma certa indefinição sobre como seria o envolvimento americano. Marina Silva tem comentado com interlocutores dentro do governo que, de fato, Washington já sinalizou que seus recursos teriam de ser administrados de uma maneira diferente, ou de forma paralela ao Fundo Amazônia.
Os americanos querem protagonismo e controle sobre os recursos. No caso do Fundo, trata-se de uma iniciativa liderada pela Noruega e com a administração do BNDES.
Fontes ainda apontaram que, em meio à tensão geopolítica entre Brasil e EUA, a questão yanomami vai unir Biden e Lula e abafar eventuais distâncias existentes em outros capítulos das negociações.
A inclusão do assunto interessa aos dois lados. Para Lula, o assunto da espaço para que o novo governo faça duas afirmações:
- Bolsonaro abandonou os povos indígenas e, com sua ações, abriu espaço para o risco de um genocídio
- O atual governo decidiu atuar e montou um plano que prevê o fim do garimpo em terras indígenas e a recuperação dos territórios.
Para Biden, a inclusão do tema também serve para atacar Bolsonaro, um aliado de Donald Trump, e para reforçar sua imagem mais progressista entre a ala mais à esquerda em seu partido.
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