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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Governo hesita sobre ida ao G7 e viagem de Lula ainda não está confirmada

10.fev.2023 - O presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro na Casa Branca em Washington, EUA - 10.fev.2023 - Jonathan Ernst/Reuters
10.fev.2023 - O presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro na Casa Branca em Washington, EUA Imagem: 10.fev.2023 - Jonathan Ernst/Reuters

Colunista do UOL

30/04/2023 13h49

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não tomou uma decisão se irá participar da cúpula do G7, em Hiroshima em meados de maio. O Brasil estava ausente dos encontros do grupo há anos e, durante o governo de Jair Bolsonaro, os diferentes membros do G7 optaram por convidar outros líderes da América Latina, desprezando a participação do brasileiro.

Com a presidência do grupo conduzida pelo Japão e diante do fim do governo de Bolsonaro, o bloco optou por voltar a convidar o Brasil a fazer parte dos debates que começam no dia 19 de maio.

Mas, tanto no Palácio do Planalto quanto no Itamaraty, não existe uma definição se a viagem irá ocorrer. Diplomatas confirmaram ao UOL que, antes de embarcar uma vez mais para a Ásia, Lula quer detalhes de qual será exatamente a agenda destinada aos convidados do G7.

Além do Brasil, os japoneses chamaram para o debate a Índia, Vietnã, Coreia do Sul, Indonésia e outros. Com uma agenda internacional intensa, o governo Lula ainda avalia se a viagem tem um propósito real.

Quando o bloco começou com a tradição de convidar países emergentes aos debates, não foram poucas as ocasiões nas quais o comunicado final da cúpula era divulgado antes mesmo de uma chancela por parte dos demais países. A história mudou radicalmente com a instalação do G20 como um fórum importante dos debates internacionais.

Com a crise financeira de 2008, membros do governo Lula naquela ocasião chegaram a declarar que o G7 tinha acabado e que não condizia mais com a realidade política do mundo.

Mas o bloco que envolve EUA, Europa e Japão se reorganizou e, diante da guerra na Ucrânia, se transformou num dos pilares de coordenação dos aliados de Kiev, com sanções e iniciativas diplomáticas para isolar a Rússia.

Num dos documentos do encontro, a agenda deixa claro que um dos pontos da cúpula é a "promoção de fortes sanções contra a Rússia e apoio para a Ucrânia". O Brasil é contra tais sanções.

Ainda assim, no Palácio do Planalto, há quem defenda a ida do presidente, justamente para que Lula possa falar diretamente com os demais líderes sobre suas propostas e visões, além de atualizar Emmanuel Macron, Joe Biden e outros sobre as conversas que manteve com o chanceler russo Serguei Lavrov, Xi Jinping e outros.

Lula, assim, mostraria sua capacidade de diálogo com todos, principalmente depois dos ruídos gerados por suas declarações sobre a guerra nas últimas semanas.

Também na tentativa de mostrar que quer ser um interlocutor viável no conflito, Lula decidiu enviar seu assessor especial, Celso Amorim, para Kiev. O UOL apurou que a viagem deve ocorrer em breve e que o governo ucraniano quer levar o brasileiro a locais onde massacres foram cometidos pelos russos.