Jamil Chade

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ONU: Brasil cresce acima da média mundial em 2023, mas perde força em 2024


A economia brasileira vai crescer acima da média mundial em 2023, depois de um período entre 2015 e 2022 em que não acompanhou a expansão do PIB do planeta. Mas o desempenho nacional perderá força no próximo ano. A previsão é da ONU que, nesta quarta-feira, publicou seu relatório anual sobre a situação internacional e alertou para uma desaceleração e enfraquecimento da economia global.

De acordo com o informe da Conferência da ONU para Comércio e Desenvolvimento (Unctad), em 2023, a taxa de crescimento do PIB nacional será de 3,3%. Em comparação a sua projeção inicial, a ONU admite que o Brasil terá uma melhora substancial. A revisão no caso brasileiro, em relação às estimativas apresentadas no início do ano, foi de um aumento de 2,4 pontos percentuais, a maior elevação entre todas as principais economias.

O desempenho da economia brasileira se descola da previsão de um crescimento baixo na economia mundial. Rebeca Grynspan, secretária-geral da Unctad, alertou nesta manhã que a economia mundial sofre uma desaceleração, passando de 3% em 2022 para 2,4% em 2023, e com poucos sinais de retomada em 2024.

Em sua visão, há uma estagnação perigosa da economia mundial, com vários episódios de recessão. Para a agência da ONU, são necessárias reformas institucionais da arquitetura financeira global, políticas mais pragmáticas para combater a inflação, a desigualdade e a dívida soberana, bem como uma supervisão mais forte dos principais mercados.

"É necessária uma mudança na direção das políticas, inclusive por parte dos principais bancos centrais, e o acompanhamento das reformas institucionais prometidas durante a crise da covid-19 para evitar uma década perdida", defendeu.

Na avaliação da agência, a "economia global está em uma encruzilhada, na qual caminhos de crescimento divergentes, desigualdades cada vez maiores, concentração crescente do mercado e cargas crescentes de dívidas lançam sombras sobre seu futuro".

No contexto de um crescimento mais lento e da ausência de coordenação de políticas, essa divergência gera preocupações sobre o caminho a seguir pela economia global.

Globalmente, a recuperação pós-pandemia é divergente. "Embora algumas economias, incluindo Brasil, China, Índia, Japão, México, Rússia e Estados Unidos, tenham demonstrado resiliência em 2023, outras enfrentam desafios mais formidáveis", aponta.

De fato, a média brasileira supera as previsões para a América Latina, de 2,3% e se aproxima da média dos emergentes e asiáticos, de 3,9%.

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O crescimento também é maior que a taxa de expansão de apenas 0,4% na UE ou 2% nos EUA.

De acordo com a ONU, essa é a situação nacional:

No Brasil, a expansão das exportações de commodities e as colheitas abundantes estão impulsionando um aumento no crescimento, de 2,9% em 2022 para 3,3% em 2023. Entretanto, as forças negativas da demanda que pesam sobre o crescimento incluem os impactos tardios do aperto monetário, que começou no final de 2021 e que elevou a taxa de juros de curto prazo do real brasileiro para 9% no início deste ano.

Isso se soma ao aumento da dívida privada, especialmente das famílias, durante a crise da covid-19. Uma expansão fiscal significativa em 2023 deve compensar essas forças recessivas, mas o impulso fiscal para 2024, embora ainda sujeito a negociações políticas, deve se tornar negativo, reduzindo o crescimento do PIB para menos de 3%.

De fato, no caso brasileiro, a projeção da ONU para 2024 é de que a economia nacional viva uma expansão de 2,3%, abaixo de novo da média mundial de 2,5%.


Para 2023, essas são as previsões da ONU para as maiores economias do planeta:

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  • Índia 6,6%
  • China. 4,6%
  • Indonésia 4,2%
  • Turquia 3,7%
  • Brasil 3,3%
  • México 3,2%
  • Arábia Saudita. 2,5%
  • Japão 2,3%
  • Rússia 2,2%
  • EUA 2%
  • Austrália 1,9%
  • Canadá 1,3%
  • Coreia 0,9%
  • França 0,9%
  • Itália 0,6%
  • Reino Unido 0,4%
  • Alemanha -0,6%
  • Argentina -2,4%

Outro aspecto destacado pela ONU foi o fato de que essa situação internacional está sendo acompanhada por um salto na desigualdade no mundo. "Economia global está se desacelerando, está mais desigual e mais fraca", afirmou Rebeca. "Mas isso também ocorre numa situação de maior divergência e desigualdade", constatou.

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