Jamil Chade

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Europa aumenta segurança em capitais, e plano diplomático dos EUA naufraga


Governos europeus iniciam a preparação de um incremento de segurança nas principais capitais do Velho Continente, temendo que a crise no Oriente Médio acabe se traduzindo em violência também em Londres, Paris ou Berlim.

O temor é de que, com a resposta de Israel sobre Gaza, grupos palestinos e de seus aliados promovam protestos no Ocidente, o que poderia conduzir à violência. Há também uma preocupação de que atos terroristas, principalmente contra alvos judeus, possam ser registrados.

Por esse motivo, as polícias de algumas das principais cidades da Europa anunciaram neste domingo que vão incrementar o monitoramento e patrulhamento de determinadas áreas.

No caso da França, a iniciativa foi uma determinação do ministro do Interior, Gérald Darmanin. Após o ataque do Hamas a Israel, as autoridades foram instruídas a aumentar a segurança em torno dos "locais da comunidade judaica".

O presidente Emmanuel Macron também ordenou que a segurança extra fosse estabelecida e que a polícia ficasse "extremamente atento à proteção dos locais onde a comunidade judaica frequenta, como sinagogas ou escolas".

Já a polícia de Londres aumentou suas patrulhas em partes da capital britânica após "uma série de incidentes relacionados ao conflito" em Israel e Gaza. Em diferentes partes da cidade, grupos comemoraram os ataques do Hamas, empunhando bandeiras palestinas.

"Estamos cientes de uma série de incidentes, incluindo aqueles compartilhados nas mídias sociais, relacionados ao conflito em curso em Israel e na fronteira com Gaza", disse a Polícia Metropolitana em um comunicado.

"A polícia aumentou suas patrulhas em certas partes de Londres para garantir uma presença visível e tranquilizar nossas comunidades", disse.

O Secretário de Estado para Imigração, Robert Jenrick, compartilhou um vídeo nas redes sociais mostrando pessoas agitando bandeiras palestinas na rua e tocando buzinas de carros. Denunciando os atos, ele deixou claro que o Hamas cometeu "atividades terroristas". "Não há lugar para isso no Reino Unido", disse.

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Atos de apoio aos palestinos ainda foram registrados em Berlim, inclusive com comunidades distribuindo doces.

"Em Berlim, a proteção policial foi imediatamente reforçada", disse a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser. "O governo federal e as regiões estão coordenando estreitamente suas ações." As autoridades alemãs também estavam observando de perto "os possíveis apoiadores do Hamas na esfera islâmica".

Plano diplomático em colapso

Enquanto isso, a nova etapa do conflito enterrou as esperança do governo de Joe Biden de construir uma nova relação de poder no Oriente Médio e reorientar a estratégia para a região. Estava planejado que, nas próximas semanas, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, viajaria para Ryad e Tel Aviv, na esperança de concretizar a normalização política entre Arábia Saudita e Israel.

Se realizado, o ato poderia mudar a história da região. Mas os americanos apostavam que o reconhecimento de Israel por parte dos sauditas também abriria caminho para que Tel Aviv aceitasse negociar e ceder inclusive no bloqueio que impõe sobre Gaza.

Agora, com os ataques do Hamas, qualquer possibilidade de Israel ceder está enterrada. E, para diplomatas envolvidos no diálogo, a normalização fica suspensa e sem data para voltar a ser debatida.

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