Jamil Chade

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'Comida e água estão acabando em Gaza', alerta ONU

Num alerta feito nesta quinta-feira, a ONU anunciou que alimentos e água na Faixa de Gaza estão rapidamente se esgotando. Nesta sexta-feira, as padarias palestinas não terão mais pão ou alimentos para fornecer aos moradores da região, sob ataque de Israel.

"As vidas das pessoas estão em risco se um corredor humanitário não for estabelecido imediatamente", indicou a organização.

Depois dos ataques do Hamas que mataram centenas de israelense no sábado, a decisão do governo Benjamin Netanyahu foi impor um cerco total contra o território de Gaza.

A ONU denunciou a atitude e alertou que tais métodos poderiam constituir um crime de guerra. O gesto também foi criticado pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha, conhecido por sua neutralidade.

"Estamos vendo uma falta de combustível, água e eletricidade", disse Samer Abdeljaber, diretor regional do Programa Mundial de Alimentos, uma agência da ONU.

"Muitas padarias não terão a capacidade de fornecer alimentos amanhã. Elas estão sem eletricidade e sem água", lamentou. "Amanhã será um dia muito difícil para as pessoas, tanto dentro dos abrigos como fora", disse.

Segundo a ONU, mais de 338 mil palestinos foram obrigados a deixar suas casas, muitas delas arrasadas pelos mísseis israelenses. Mas os abrigos montados pela ONU já estão lotados e não há mais espaço. Em apenas um dia, o êxodo aumentou em 30%.

Mais de 218 mil pessoas deslocadas estão abrigadas em escolas da UNRWA, a agência da ONU para os refugiados palestinos.

Em Gaza, mais de 2.500 unidades habitacionais foram destruídas ou severamente danificadas e tornadas inabitáveis, enquanto outras quase 23 mil sofreram danos moderados ou leves.

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Pelo menos 88 instalações educacionais foram atingidas, incluindo 18 escolas da UNRWA, duas das quais foram usadas como abrigos de emergência para os desabrigados, bem como 70 escolas da Autoridade Palestina. Isso significa que, pelo sexto dia consecutivo, mais de 600 mil crianças não tiveram acesso à educação em um local seguro em Gaza.

A única usina elétrica de Gaza ficou sem combustível e parou de funcionar, deixando a Faixa de Gaza em um blecaute.

Desde o início das hostilidades, sete instalações importantes de água e esgoto, que atendem a mais de um milhão de pessoas, foram atingidas por ataques aéreos e severamente danificadas. Em algumas áreas, o esgoto e os resíduos sólidos estão se acumulando nas ruas, o que representa um risco à saúde.

Metade das padarias tem menos de uma semana de estoque de farinha de trigo, enquanto 70% das lojas relatam uma redução significativa nos estoques de alimentos.

De acordo com a ONU, as agências humanitárias continuam enfrentando grandes restrições no fornecimento de assistência humanitária. "A insegurança está impedindo o acesso seguro às áreas afetadas e aos armazéns. Apesar das condições desafiadoras, os trabalhadores humanitários forneceram alguma assistência, incluindo a distribuição de pão fresco para 137 mil pessoas deslocadas, a entrega de 70 mil litros de combustível para instalações de água e saneamento e a ativação de linhas de apoio psicossocial", disse.

"Estamos fornecendo alimentos para milhares de pessoas. Mas isso também está terminando", disse o Programa Mundial de Alimentos.

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Entre as agências da ONU e governos da região, negociações estão ocorrendo para permitir que um corredor humanitário seja estabelecido. Mas Israel insiste que apenas vai realizar qualquer negociação quando os mais de cem reféns levados pelo Hamas forem soltos.

O tema será alvo de um debate convocado para o Conselho de Segurança da ONU. O encontro, costurado na noite de quarta-feira, recebeu o sinal verde das cinco potências permanentes do órgão - EUA, China, Rússia, França e Reino Unido.

O Brasil preside o Conselho neste mês de outubro e tem, como função, organizar a agenda do órgão, sempre em consultas com seus membros.

Um dos objetivos será o de costurar uma declaração conjunta na qual todos os membros do Conselho façam um apelo para que corredores humanitários sejam estabelecidos e que a população civil seja poupada, de ambos os lados.

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