Jamil Chade

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Palestinos fogem de bombas e voltam para zona evacuada em Gaza, diz ONU

A ONU informou hoje que palestinos estão retornando para o norte de Gaza, região que havia sido ordenada a ser evacuada por Israel. O motivo é o fato de que, mesmo no sul de Gaza, eles continuam sendo alvo de bombas.

Há uma semana, o governo de Israel avisou que iniciaria um ataque contra o norte da Faixa de Gaza e, portanto, pedia que a ONU ajudasse a evacuar a população palestina. A entidade alertou que isso seria impossível, já que envolveria o fluxo de mais de 1 milhão de pessoas. Mesmo assim, de forma espontânea, milhares de palestinos tomaram o rumo do sul de Gaza, na esperança de se proteger.

Segundo a ONU, porém, parte dessa população continua sendo alvo de ataques, mesmo na região onde supostamente estaria protegida. Na madrugada desta sexta-feira, Israel voltou a bombardear Gaza, atingindo áreas no sul onde os palestinos haviam sido orientados a buscar segurança. As autoridades israelenses apontam que mais de cem alvos foram atingidos, mas insistem que se trata de locais que serviam aos grupos terroristas.

Casas e prédios destruídos por bombardeios israelenses em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza
Casas e prédios destruídos por bombardeios israelenses em Jabalia, no norte da Faixa de Gaza Imagem: Anas al-Shareef -- 11.out.23/Reuters

De acordo com a porta-voz da ONU para Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, os palestinos estão pegos "no meio de insanidade" e, agora, começam a voltar para seus locais de origem.

Continuamos muito preocupados com o fato de que os ataques pesados das forças israelenses continuam em Gaza, inclusive no sul

Os ataques, somados às condições de vida extremamente difíceis no sul, parecem ter levado algumas pessoas a voltar para o norte, apesar dos bombardeios pesados que continuam ocorrendo lá
Ravina Shamdasani, porta-voz da ONU para Direitos Humanos

Segundo Ravina, palestinos têm relatado para a ONU que, diante dos ataques nas "zonas seguras", eles afirmam que "preferem morrer em suas casas".

Um deles revelou à entidade que seus sogros que tinham sido evacuados decidiram voltar ao norte de Gaza. Mas, na noite de ontem, morreram diante de um ataque aéreo por parte de Israel.

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Imagem: Arte/UOL

Mil palestinos sob escombros

Além da preocupação sobre o fluxo de pessoas, a ONU também alerta que mais de mil palestinos estão sob os escombros dos prédios destruídos por ataques israelenses em Gaza. Esses números se somam aos mais de 3.700 mortos em apenas duas semanas na região, dos quais 1.500 são crianças.

No total, mais de 121 mil unidades residenciais, casas e prédios foram atingidos pelos ataques israelenses em apenas 15 dias. Segundo a ONU, isso significa que 30% das residências estão afetadas.

"Com mais de 3.700 pessoas mortas em Gaza e mais 1.000 supostamente sob os escombros, bem como 1.300 pessoas mortas em Israel, e mais um milhão de palestinos - metade deles crianças - supostamente deslocados, imploramos a todas as partes que permitam a passagem rápida e desimpedida de ajuda humanitária para todos os civis necessitados, onde quer que estejam", afirma Ravina.

Pessoas tentam resgatar vítimas nos destroços de uma igreja atingida por um bombardeio na Faixa de Gaza
Pessoas tentam resgatar vítimas nos destroços de uma igreja atingida por um bombardeio na Faixa de Gaza Imagem: Reprodução/Facebook
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ONU pede investigação de hospital

Num outro apelo, a ONU ainda afirmou que as mortes registradas no hospital de Al Ahly, alvo de um ataque há dois dias, são "inaceitáveis". Para a entidade, é necessário que uma investigação seja aberta para determinar os responsáveis pelo ataque que deixou quase 500 mortos. Para Ravina, os autores precisam ser levados à Justiça.

O governo de Israel, apoiado por Joe Biden, aponta que a autoria do ataque seria do grupos islâmicos dentro de Gaza. Já os governos árabes na região denunciam um "crime de guerra cometido por Israel".

Segundo Ravina, evidências precisam ser preservadas no local e será necessário que grupos iniciem uma apuração. Ela, porém, admite que, sem acesso, a obtenção de dados é um desafio.

Palestinos choram diante dos corpos de mortos am ataques israelenses em Khan Younis, no sul de Gaza
Palestinos choram diante dos corpos de mortos am ataques israelenses em Khan Younis, no sul de Gaza Imagem: Mohammed Salem - 17.out.23/Reuters

Ajuda humanitária ainda sendo negociada

Nesta sexta-feira, a ONU também anunciou que está em "intensas negociações" para permitir que a passagem fronteiriça entre Gaza e o Egito seja aberta para permitir que uma ajuda humanitária chegue aos palestinos.

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A esperança da entidade é de que isso possa ocorrer em "cerca de um dia". Na quinta-feira, Biden havia sugerido que essa abertura poderia ser feita ainda nesta sexta-feira. Mas, segundo diplomatas brasileiro, o local continua fechado.

Na ONU, os negociadores se dizem "encorajados" com a possibilidade de que um acordo seja estabelecido. Isso não envolveria apenas a abertura da fronteira. Mas também a segurança da entrega e o destino dos produtos.

Num primeiro momento, apenas 20 caminhões entrarão. Mike Ryan, diretor de Operações da OMS, havia criticado o volume baixo de ajuda. "Isso é uma gota de água no oceano", disse. Nesta sexta-feira, porém, o porta-voz da ONU, Jens Laerke, optou por um tom mais otimista: "um caminhão é melhor que nenhum caminhão".

Hoje, 1,1 milhão de pessoas em Gaza estão deslocadas de suas casas. Antes da eclosão da violência, 80% deles viviam abaixo da linha da pobreza.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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