Brasil pressiona por pausa humanitária em nova resolução dos EUA na ONU
O governo brasileiro negocia a inclusão de uma referência mais explícita a uma pausa humanitária na nova resolução apresentada pelos EUA e que pode ser colocada em votação nesta terça-feira, no Conselho de Segurança da ONU. A reunião será presidida pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira.
O texto, porém, é considerado como uma manobra para que russos e chineses sejam obrigados a vetar. Com isso, os americanos esperam diluir o custo político que tiveram ao barrar, sozinhos, a resolução proposta pelo Brasil na semana passada e que pedia a criação de corredores humanitários e uma pausa no conflito para permitir que civis fossem atendidos.
O texto brasileiro conseguiu doze votos de apoio e duas abstenções. Mas o veto americano foi suficiente para barra-lo e gerou uma onda de indignação, até mesmo entre europeus. Ao longo de dias, o Itamaraty havia cedido, retirado referências a Israel e abandonado o termo "cessar-fogo".
Sob o argumento de que o voto poderia atrapalhar a viagem de Joe Biden para a região, a diplomacia americana vetou o projeto.
Agora, a Casa Branca quer submeter ao voto uma proposta sua, focada essencialmente em dar apoio ao governo de Israel e condenar o Hamas. Uma primeira versão sequer mencionava a criação de novos corredores humanitários e qualquer referência à pausa humanitária era inexistente.
Depois de consultas e negociações durante o fim de semana, a delegação brasileira foi clara: qualquer chance de aprovar um novo texto exigiria que os EUA incluíssem referências explícitas à situação humanitária.
O Brasil preside o Conselho de Segurança ao longo do mês de outubro e quer usar essa posição para se posicionar como um ator no debate sobre a situação no Oriente Médio.
Críticos apontam que, apesar da pressão brasileira, a resolução está ainda longe de gerar simpatia por parte de outras potências.
O novo projeto fala apenas de forma marginal sobre a possibilidade de "explorar passos adicionais, como uma pausa humanitária ou de um corredor humanitário". Mas sem qualquer compromisso.
O novo texto que está sob consulta foca seu conteúdo numa denúncia contra o Hamas e contra o terrorismo. O projeto de resolução ainda ataca aliados do grupo palestino. Mas não condena textualmente Israel e apenas fala na necessidade de civis sejam protegidos.
Na resolução, a Casa Branca solicita que governos "intensifiquem seus esforços para suprimir o financiamento do terrorismo, inclusive restringindo o financiamento do Hamas", além de denunciar o Hezbollah.
Uma versão inicial do texto ainda afirmava que "o Irã deve cessar a exportação de todas as armas e materiais relacionados para milícias armadas e grupos terroristas que ameaçam a paz e a segurança em toda a região, incluindo o Hamas". Numa versão atualizada, nesta segunda-feira, a referência ao Irã desapareceu. Mas o texto pede que todos os países cessem exportação de armas ao Hamas.
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