Jamil Chade

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Comunicação é cortada em Gaza; Itamaraty consegue falar com brasileiro

A comunicação foi cortada da Faixa de Gaza, num gesto considerado por diplomatas estrangeiros como um sinal de que existe um risco iminente de uma ofensiva militar ainda maior sobre a região. A situação coincide com uma ação de proporções que, segundo membros da ONU, até agora não era conhecida. Nos bastidores, a entidade se prepara para uma crise humanitária inédita, depois de 21 dias já sem eletricidade, água ou alimentos suficientes.

O Itamaraty confirmou que o corte de comunicações ocorreu e que, após tentar por algumas horas contato com os cerca de 30 cidadãos brasileiros em Gaza, conseguiu falar com um eles em Rafah. O UOL apurou que a embaixada brasileira conseguiu completar a ligação sem usar a rede palestina. Segundo o Itamaraty, o brasileiro, que não teve o nome divulgado, relatou bombardeios intensos nesta noite, mas disse que eles estavam em segurança no sul de Gaza.

Numa mensagem, os palestinos foram alertados pela rede de telefonia local, a Jawal:

Lamentamos anunciar a interrupção completa de todas as comunicações e serviços de Internet com a Faixa de Gaza devido à agressão em andamento. Os intensos bombardeios da última hora destruíram as últimas rotas internacionais que ligavam Gaza ao mundo exterior, além das rotas anteriormente destruídas durante a agressão, o que levou à interrupção de todos os serviços das empresas de telecomunicações da amada Faixa de Gaza.

Em informes da ONU, nos últimos dias, a questão da comunicação aparecia como um sinal de que a situação estava se deteriorando. Num dos últimos levantamentos, 54% das linhas telefônicas já não estavam em operação.

Agora, entidades humanitárias também confirmaram ao UOL que estão sem contato com seus times em campo. Segundo a empresa de comunicação, isso teria ocorrido por conta de ataques contra sua infraestrutura.

"Este é o momento da verdade. A história está julgando todos nós", diz Guterres.

O corte de comunicação ocorre num momento em que a ONU faz um apelo desesperado para a comunidade internacional. Numa declaração, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que "o sistema humanitário em Gaza está enfrentando um colapso total com consequências inimagináveis para mais de 2 milhões de civis".

"À medida que os bombardeios se intensificam, as necessidades se tornam cada vez mais críticas e colossais", disse.

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"Cerca de 500 caminhões por dia estavam entrando em Gaza antes do início das hostilidades. Nos últimos dias, uma média de apenas 12 caminhões por dia tem entrado, apesar de as necessidades serem muito maiores do que em qualquer outro momento", afirmou.

"Além disso, os suprimentos que entraram não incluem o combustível para as operações das Nações Unidas - combustível que também é essencial para alimentar hospitais, usinas de dessalinização de água, produção de alimentos e distribuição de ajuda", declarou.

Segundo ele, dada a situação "desesperadora e dramática", as Nações Unidas "não conseguirão continuar a distribuir a ajuda dentro de Gaza sem uma mudança imediata e fundamental na forma como a ajuda está chegando".

"O sistema de verificação do movimento de mercadorias pela passagem de Rafah deve ser ajustado para permitir que muito mais caminhões entrem em Gaza sem demora", pediu.

"A ajuda humanitária que salva vidas - alimentos, água, medicamentos, combustível - deve chegar a todos os civis com rapidez, segurança e em escala", disse.

"Saúdo o crescente consenso global em favor de uma pausa humanitária no conflito. Repito meu apelo por um cessar-fogo humanitário, a libertação incondicional de todos os reféns e a entrega de suprimentos que salvam vidas na escala necessária.

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"A miséria está crescendo a cada minuto. Sem uma mudança fundamental, o povo de Gaza enfrentará uma avalanche sem precedentes de sofrimento humano", disse.

"Todos devem assumir suas responsabilidades. Este é o momento da verdade. A história está julgando todos nós", completou.

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