Assembleia Geral da ONU aprova resolução que pede cessar-fogo em Gaza
Pela segunda vez em pouco mais de 60 dias e depois de mais de 18 mil mortos entre os palestinos, a Assembleia Geral da ONU aprova por ampla maioria uma resolução que pede um cessar-fogo imediato em Gaza. O documento, porém, não tem poder de obrigar Israel a parar com os ataques, já que se trata de um instrumento não vinculante.
A resolução obteve 153 votos de apoio, entre eles o do Brasil. Dez países votaram contra, e 23 optaram pela abstenção.
O governo de Israel deixou claro que não vai cumprir a resolução. "Esse é um texto hipócrita", afirmou Gilad Erdan, embaixador de Israel na ONU. Ele acusa o texto de não condenar o Hamas.
Para ele, um cessar-fogo "só prolongará a morte e a destruição na região". "Um cessar-fogo só beneficiará os terroristas que roubam a ajuda humanitária para si mesmos", disse ele. O diplomata insistiu que o cessar-fogo seria uma "sentença de morte para um número incontável de israelenses e habitantes de Gaza".
Além de Israel, votaram contra o texto os seguintes países:
EUA
Paraguai
Papua Nova Guiné
Micronésia
Guatemala
Nauru
Áustria
República Tcheca
Libéria
Desta vez, o apoio foi maior que o documento aprovado em outubro na ONU e que apenas falava de uma trégua humanitária. O texto foi adotado num momento em que Israel avança ao sul de Gaza, transformando a região no que a ONU chama de "inferno na terra".
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JAMIL CHADE
Todo sábado, Jamil escreve sobre temas sociais para uma personalidade com base em sua carreira de correspondente.
Quero receberNa avaliação de diplomatas, ainda que o texto não tenha um poder vinculante, ele revela o apoio ou não que um tema pode ter na comunidade internacional. Além disso, cria um constrangimento político para Israel.
O voto ocorre poucos dias depois que, no Conselho de Segurança da ONU, o governo dos EUA foi o único a vetar uma proposta que ia na mesma direção e pedia um cessar-fogo humanitário. Para o governo americano, tal proposta significa dar vitória ao Hamas e "plantar a semente" de um novo ataque no futuro contra Israel.
Washington tentou modificar o texto que seria colocado em votação e apresentou uma emenda, condenando o Hamas. Mas os americanos não obtiveram dois terços dos votos necessários e a proposta fracassou.
Votaram pelos americanos 86 países, com 62 votos contra e 25 em abstenção.
"Quando você nega liberdade e dignidade às pessoas, elas ficam muito irritadas e fazem aos outros o que fazem a elas", justificou Munir Akram, embaixador do Paquistão na ONU, ao rejeitar condenar o Hamas.
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