Jamil Chade

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Reportagem

Escritores russos são condenados a 7 anos de prisão por poema contra guerra

Poetas e regimes autoritários nunca formaram belas rimas. Em diferentes partes do mundo e em diferentes gerações, escritores como Liu Xiaobo, Miguel de Unamuno, Dennis Brutus, Dorothy Parker, Cummings, Garcia Lorca ou Fyodor Dostoyevsky foram presos. Cada qual por um verso ou justificativa diferente. Mas todos pela mesma ameaça: a de mobilizar a insurreição das mentes.

Nesta semana, dois poetas russos foram condenados sob a acusação de "incitar o ódio" contra soldados. A informação foi publicada nesta quinta-feira pelo jornal Novaya Gazeta Europe e confirmada por diversas fontes em Moscou.

Artyom Kamardin e Yegor Shtovba terão de cumprir sete e cinco anos de prisão, respectivamente.

Eles haviam sido detidos em setembro de 2022. O "crime" teria ocorrido depois de os dois poetas terem criticado a decisão do Kremlin de convocar uma mobilização dos jovens para lutar na Ucrânia.

O estopim para a prisão de Kamardin foi seu poema "Mate-me, homem da milícia!", lido em uma praça de Moscou onde dissidentes se reúnem desde a era soviética.

Para o Tribunal de Moscou, porém, eles agiram "contra a segurança do Estado".

Ambos os poetas negam as acusações e, ao tomar a palavra para se defender diante da corte, na quarta-feira, Shtovba apenas perguntou: "O que eu fiz de ilegal? Ler poesia?".

Kamardin, que acusa os agentes que o prenderam de terem cometido tortura, ainda avisou: "Minhas convicções não mudarão, como não mudaram sob tortura, não mudariam com uma sentença real e não mudariam nem mesmo sob ameaça de morte.

Grupos como a Anistia Internacional tem acusado o governo de Vladimir Putin de implementar uma dura repressão contra artistas e jornalistas que questionam a guerra. Segundo a entidade, mais de 15 mil pessoas foram detidas apenas em 2022, com dezenas de processos instaurados por "desinformação" contra jornalistas.

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Na Rússia, jornais são proibidos de usar a palavra "guerra" para designar a situação na Ucrânia. Numa ironia à regra estabelecida por Vladimir Putin, um dos jornais estampou em sua capa a manchete:

"Pelo menos a palavra paz ainda é autorizada".

Semanas depois, o jornal foi fechado.

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3 comentários

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Roberto Monteiro Alves

E aí, cadê a turma que defende o que a Rússia está fazendo? Vocês defendem isso? Qual o malabarismo mental para justificar isso?

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Ricardo Jose Bigliazzi

E o nosso presidente em exercício teima em não dizer que esse Ditador Russi é o maior culpado da Guerra contra a Ucrânia e que os Russos devem se retirar imediatamente.

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Osvaldo Frederico Schilling Neto

Não existe "coiote" para intermediar entrada de migrantes para a Rússia.

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