Agência da ONU em Gaza avisa que chegou a 'ponto de ruptura' e culpa Israel
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A Agência da ONU que se ocupa dos palestinos em Gaza, a UNRWA, avisa que está prestes a encerrar suas atividades. Numa carta desesperada à Assembleia Geral da ONU e aos governos, a entidade não hesita em acusar o governo de Israel pelo desmonte, indicando que a operação foi iniciada depois de a CIJ (Corte Internacional de Justiça) ter alertado para o risco de genocídio.
"É com profundo pesar que devo informá-los que a Agência chegou ao ponto de ruptura, com os repetidos apelos de Israel para desmantelar a UNRWA e o congelamento do financiamento por parte dos doadores em um momento de necessidades humanitárias sem precedentes em Gaza", afirma a carta, obtida pelo UOL.
"Desde a decisão da CIJ, tem havido um esforço conjunto de algumas autoridades israelenses para confundir enganosamente a UNRWA com o Hamas, para interromper as operações da UNRWA e para pedir o desmantelamento da Agência", afirma o documento.
Um dos atos de Israel tem sido a de exigir que a UNRWA desocupe seu Centro de Treinamento Vocacional de Kalandia em Jerusalém Oriental - atribuído à UNRWA pela Jordânia em 1952 - e pagasse uma "taxa de uso" de mais de US$ 4,5 milhões (o equivalente a R$ 22,24 milhões na cotação de hoje).
Nas últimas semanas, Israel denunciou o envolvimento de doze funcionários da agenda nos ataques do Hamas, em 7 de outubro. Como resultado, a ONU abriu investigações. Mas cerca de 16 doadores cortaram recursos para a entidade, que atende a 2 milhões de palestinos.
Nesta quinta-feira, o jornal The Wall Street Journal revelou que um documento da inteligência americana questiona parte das acusações feitas por Israel de que a agência da ONU estaria infiltrada pelo Hamas.
"Os apelos feitos hoje pelo governo de Israel para o fechamento da UNRWA não têm a ver com a neutralidade da Agência", aponta o documento da agência da ONU.
"Em vez disso, trata-se de mudar os parâmetros políticos de longa data para a paz no território palestino ocupado, estabelecidos pela Assembleia Geral e pelo Conselho de Segurança. Eles buscam eliminar o papel da UNRWA na proteção dos direitos dos refugiados palestinos e na atuação como testemunha de sua contínua situação", denuncia.
"Caso a Assembleia Geral opte por continuar a sustentar a UNRWA no melhor interesse dos Refugiados da Palestina, então apelamos ainda mais para uma solução que feche a lacuna entre o mandato da UNRWA e sua estrutura de financiamento, que depende de contribuições voluntárias que a tornam vulnerável a considerações políticas mais amplas, como a UNRWA enfrenta agora", completa a carta.
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