Brasil é acusado na ONU por falta de fiscalização contra trabalho escravo
O Brasil foi cobrado na ONU a restabelecer a fiscalização contra o trabalho escravo. Nesta quinta-feira, durante a sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, as entidades Conectas e Adere chamaram a atenção da comunidade internacional diante do que descreveram como "o grave contexto da escravidão moderna no Brasil".
Segundo elas, nos últimos 21 anos, o Brasil registrou mais de 62 mil vítimas de escravidão, a grande maioria delas trabalhadores agrícolas. Somente em 2023, mais de 3.000 pessoas foram resgatadas.
"Mais de oitenta porcento dos resgatados do trabalho escravo no Brasil são negros, historicamente vítimas da exclusão social e da falsa abolição da escravatura", afirmam.
O discurso, porém, era de forte cobrança e críticas ao governo.
"Apesar de seus esforços, o Estado brasileiro continua ineficaz nessa luta. Atualmente, as fiscalizações para combater o trabalho escravo estão suspensas", denunciam. "Esse fato nos preocupa", alertaram, apontando para os riscos das safras do café e da cana. Ambas são "conhecidas por seus altos índices de crimes de trabalho escravo".
De acordo com a coluna de Leonardo Sakamoto, no UOL, as denúncias de trabalho análogo ao de escravo deixaram de ser apuradas, desde janeiro, por conta de protesto de auditores fiscais do trabalho. Eles exigem que o governo federal cumpra um acordo firmado com a categoria em 2016. A demora em resolver o impasse pode levar a consequências "catastróficas" na avaliação da sociedade civil.
"Exigimos que o Estado restabeleça as fiscalizações de combate ao trabalho escravo e adote mais políticas públicas para enfrentar o racismo estrutural e as desigualdades regionais e sociais", disseram as entidades na ONU.
"É preciso mais desenvolvimento tecnológico, ambiental, cultural e econômico para os locais de origem das vítimas desse crime", defendem, indicando como necessidade imediata a regulamentação da emenda que prevê a expropriação da propriedade contra o trabalho escravo no Brasil.
O recado também foi para os governos estrangeiros e suas multinacionais.
"Para a comunidade internacional, pedimos maior responsabilização das corporações que controlam as maiores cadeias produtivas do mundo, principais beneficiárias do trabalho precário e precarizado, que continuam lucrando com a exploração da população negra", completaram.
Deixe seu comentário