França, Rússia e EUA pedem que cidadãos evitem viajar para o Oriente Médio
Num sinal claro de que algumas das principais potências temem uma escalada da guerra nos próximos dias, os governos da França, EUA e Rússia alertaram seus cidadãos que evitem viajar para e pelo o Oriente Médio nos próximos dias.
O recado foi dado depois de que a inteligência de potências ocidentais identificaram a possibilidade de que o Irã — ou seus aliados — retalie Israel. O governo americano chegou a informar aos europeus que a ação seria "iminente".
No começo do mês, o Irã acusou Israel de ter atacado seu consulado na Síria — um dos personagens mais relevantes da Guarda Revolucionária, o general de brigada Mohammad Reza Zahedi, foi morto. Na última quarta (10), o líder supremo iraniano, Ayatollah Ali Khamenei, qualificou o ataque como sendo equivalente a uma ofensiva contra o próprio território iraniano e que Israel teria de ser "punido".
A situação elevou a tensão e o temor de que a guerra em Gaza ganhe uma dimensão regional sem precedentes.
Nos últimos dois dias, a incerteza levou o barril do petróleo a superar a marca dos US$ 90, enquanto analistas do setor financeiro apontam que um ataque iraniano poderia levar o preço a bater US$ 100.
Diante da crise, o Ministério das Relações Exteriores da França aconselhou nesta sexta (12) os franceses a não viajarem para o Irã, Líbano, Israel e territórios palestinos. Paris acrescentou que os parentes dos diplomatas baseados no Irã retornarão à França e que os funcionários públicos franceses estão agora proibidos de realizar qualquer missão no Irã, Líbano, Israel e nos territórios palestinos.
O alerta ocorre três dias depois que o presidente Emmanuel Macron afirmou a líderes israelenses que havia mandado recados aos iranianos para que não fizessem qualquer ato contra Israel.
Um dia antes, o governo da Rússia já havia feito o alerta a seus nacionais, enquanto a diplomacia de Joe Biden restringiu o movimento de seus funcionários e parentes em Israel, proibindo qualquer viagem para fora de Tel Aviv, Jerusalém e Be'er Sheva.
Numa mensagem, Biden ainda confirmou que os iranianos ameaçavam lançar um "ataque significativo" em Israel e que seu governo mantinha seu promissor de proteger seu principal aliado.
Mobilização para evitar uma escalada
Nos bastidores, porém, a diplomacia mundial se mobilizou para tentar convencer o Irã a não ir adiante com a retaliação contra Israel.
A ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, telefonou para o chanceler iraniano, Hossein Amirabdollahian, na quinta (11), alertando para o impacto de uma eventual ação de Teerã. "Ninguém pode ter qualquer interesse em uma escalada regional", disse o ministério alemão. "Todos os participantes da região são chamados a agir de forma responsável e a exercer a contenção", pediu.
Já o governo Biden acionou a China, Turquia e a Arábia Saudita para que convençam Teerã a não fazer o ataque.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, conversou com seus homólogos, incluindo o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi. "Também conversamos com aliados e parceiros europeus nos últimos dias e pedimos que eles também enviassem uma mensagem clara ao Irã: que a escalada não é do interesse do Irã, não é do interesse da região e não é do interesse do mundo", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matt Miller.
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