Eleição na UE marcará guinada inédita à extrema direita, dizem projeções
As eleições para o Parlamento Europeu, que ocorrem na próxima semana, devem marcar uma guinada inédita do continente em direção à extrema direita, tranformando o movimento em parte do poder na UE. Pesquisas eleitorais divulgadas nos últimos dias indicaram que o bloco ultraconservador e nacionalista deve ser o que mais avançará na conquista de novos assentos.
Num bloco construído após a Segunda Guerra Mundial e que por anos criou o que os próprios partidos chamavam de "cordão sanitário" contra a extrema direita, o terremoto político prevê a vitória de populistas na França e Itália, além de significativos resultados na Holanda, Bélgica, Bulgária, Alemanha e vários outros países. O voto ocorre entre os dias 6 e 9 de junho, estabelecendo a composição do novo Parlamento Europeu e indicando a formação da própria governança da poderosa Comissão Europeia.
Segundo a pesquisa realizada pela Politico, a direita tradicional, com partidos como o alemão CDU, deve terminar em primeiro lugar, com 170 assentos. Mas os dois blocos oficiais da extrema direita, juntos, devem somar 144 lugares, praticamente empatados com os socialistas e movimentos de centro-esquerda.
Partidos que não fazem parte de blocos formais no Parlamento Europeu, como o Fidesz de Viktor Orban, deve somar mais 10 lugares, segundo as pesquisas. Movimentos políticos da Polônia, Bulgária e de outros países também estão bem cotados para avanços reais nas eleições.
Segundo a pesquisa realizada pela Euronews Poll Center, o partido de centro-esquerda do chanceler Olaf Scholz aparece apenas na terceira posição na Alemanha, sendo superado pelos candidatos da extrema direita da Alternativa para Alemanha.
Se todos esses partidos e movimentos ultranacionalistas, populistas e extremistas forem agrupados em um só bloco a previsão é de que possam chegar a 184 lugares, algo inédito na história da Europa.
Apesar do avanço, as projeções também apontam que a direita tradicional, composta por partidos historicamente democráticos como o CDU na Alemanha, deve continuar a dar as cartas e inclusive escolher a presidência da Comissão Europeia. A alemã Ursula van der Leyen é candidata a mais um mandato.
Mas ela não conseguirá governar sem consultar e incluir em seu gabinete membros da extrema direita. Se as projeções se confirmarem, a Europa terá seus primeiros comissários da ultra direita, com um impacto real em dezenas de temas, incluindo comércio, meio ambiente, relações com a China, a guerra na Ucrânia, o conflito em Gaza, debates sobre a imigração, terrorismo e a direção econômica do bloco.
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