Lula fala com Putin e defende que Rússia integre negociação sobre Ucrânia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, em conversa com o presidente Vladimir Putin, que a Rússia faça parte das negociações para que um acordo político possa ser encontrado no caso da guerra na Ucrânia. Lula defendeu que o plano de paz siga os termos acertados no mês passado entre Brasil e China.
Nesta segunda-feira, enquanto a cúpula dos chanceleres do Brics começava na Rússia, o chefe do Kremlin telefonou para Lula. A conversa durou cerca de 30 minutos.
A insistência do brasileiro sobre a participação russa ocorre praticamente às vésperas de uma reunião organizada na Suíça e que, no próximo fim de semana, levará ao país mais de 90 governos de todo o mundo. Lula havia sido convidado. Mas se recusou, alegando que não faria sentido um encontro com apenas o lado ucraniano.
O Brasil nem sequer enviará seu chanceler Mauro Vieira ou o assessor especial Celso Amorim. A representação brasileira ficará por conta da embaixada do país em Berna, o que demonstra a pouca importância política que o governo dará ao evento.
O governo brasileiro teme que o encontro sirva apenas para chancelar uma posição de Volodymyr Zelensky, que não aceita qualquer negociação enquanto as tropas russas estejam em território ucraniano.
"Sobre a Ucrânia, o presidente Lula reiterou a defesa de negociações de paz que envolvam os dois lados do conflito, em linha com documento assinado pelos assessores presidenciais Celso Amorim e seu homólogo chinês Wang Yi", disse um comunicado do Palácio do Planalto.
O documento entre Brasil e China sugere uma desescalada do conflito e uma negociação que envolva tanto Kiev como Moscou.
O acerto foi realizado depois de uma reunião em Pequim entre Wang Yi, ministro das Relações Exteriores da China, e Celso Amorim, conselheiro-chefe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no mês passado.
O entendimento também defende a realização de uma conferência de paz, mas com a participação tanto da Rússia como da Ucrânia. Os dois governos ainda defendem a troca de prisioneiros e condenam qualquer uso de armas nucleares.
Brasília considera que Pequim é o único que pode influenciar o Kremlin. A aproximação ocorre ainda num momento crítico da guerra. Os russos avançam e há, no Ocidente, uma fadiga na ajuda para a Ucrânia.
O que prevê o plano de Brasil e China:
DESESCALADA DO CONFLITO - Os dois lados pedem a todas as partes relevantes que observem três princípios para a redução da situação, ou seja, nenhuma expansão do campo de batalha, nenhuma escalada dos combates e nenhuma provocação de qualquer parte.
CONFERÊNCIA DE PAZ COM RUSSOS E UCRANIANOS - Os dois lados acreditam que o diálogo e a negociação são a única solução viável para a crise na Ucrânia. Todas as partes devem criar condições para a retomada do diálogo direto e pressionar pela redução da escalada da situação até a realização de um cessar-fogo abrangente. A China e o Brasil apoiam uma conferência internacional de paz realizada em um momento adequado e reconhecido pela Rússia e pela Ucrânia, com a participação igualitária de todas as partes, bem como uma discussão justa de todos os planos de paz.
TROCA DE PRISIONEIROS - São necessários esforços para aumentar a assistência humanitária às regiões relevantes e evitar uma crise humanitária em maior escala. Os ataques a civis ou a instalações civis devem ser evitados, e os civis, incluindo mulheres e crianças, e os prisioneiros de guerra (POWs) devem ser protegidos. Os dois lados apoiam a troca de prisioneiros de guerra entre as partes do conflito.
REJEIÇÃO AO USO DE ARMAS NUCLEARES - O uso de armas de destruição em massa, especialmente armas nucleares e armas químicas e biológicas, deve ser combatido. Todos os esforços possíveis devem ser feitos para impedir a proliferação nuclear e evitar crises nucleares.
Os ataques a usinas nucleares e outras instalações nucleares pacíficas devem ser combatidos. Todas as partes devem cumprir as leis internacionais, inclusive a Convenção sobre Segurança Nuclear, e evitar resolutamente acidentes nucleares provocados pelo homem.
EVITAR DIVISÃO DO MUNDO EM BLOCOS - A divisão do mundo em grupos políticos ou econômicos isolados deve ser combatida. Os dois lados pedem esforços para aumentar a cooperação internacional em energia, moeda, finanças, comércio, segurança alimentar e segurança de infraestrutura crítica, incluindo oleodutos e gasodutos, cabos ópticos submarinos, instalações de eletricidade e energia e redes de fibra óptica, para proteger a estabilidade das cadeias industriais e de suprimentos globais.
O posicionamento brasileiro irritou os ucranianos, que passaram a acusar frontalmente o governo Lula de estar se "aliando" aos russos.
Na conversa desta segunda-feira, o Planalto indicou que "o presidente Lula reforçou, ainda, a necessidade de uma ampla reforma do sistema de governança global, a ser debatido no âmbito do G20, que reflita os novos arranjos geopolíticos mundiais e reforcem o papel das Nações Unidas como espaço de concertação para a prevenção de conflitos".
Ainda no ano passado, Putin afirmou a interlocutores brasileiros que não poderia aceitar a proposta de Kiev, já que ela representaria uma capitulação. Já Lula afirmou ao presidente ucraniano que não existiria a possibilidade de um acordo unilateral para acabar a guerra.
Putin expressa solidariedade com Rio Grande do Sul
Durante a ligação, Putin ainda "expressou sua solidariedade com as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul".
"Os presidentes conversaram sobre cooperação econômica bilateral e sobre governança multilateral", disse, indicando que Putin recordou a visita recente da presidenta do Banco do BRICS, Dilma Rousseff, ao Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo.
Os presidentes também discutiram a recém-concluída viagem do vice-presidente Geraldo Alckmin à China para participar da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação.
216 comentários
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Luciana Renzulli Fagnani
Sr Lula, pare de nos fazer passar vergonha, venha tomar conta do seu país, venha cumprir suas promessas, esse país tá um verdadeiro CAOS perante o seu governo
Ricardo Henrique Figueiredo da Rocha
Kkkk, piada pronta? O anão diplomático não consegue nem resolver os problemas internos do Brasil vai se meter em politica internacional. Republiqueta de bananas, pobre país!
Alberto Fernandes
Como se ele fosse importante. Pária mundial !!!!!!!!!!!!