Jamil Chade

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Mundo tem recorde de conflitos; Brasil é destaque de violência não estatal

Dados divulgados nesta segunda-feira revelam que o planeta vive o maior número de guerras envolvendo forças estatais desde o final da Segunda Guerra Mundial. O período dos últimos três anos foi ainda o mais violento, em termos de mortes, desde o final da Guerra Fria.

O Brasil foi ainda um dos principais destaques em conflitos entre forças não estatais, incluindo organizações criminosas, cartéis de drogas, gangues e milícias.

No total, 59 conflitos estatais foram registrados, de acordo com o Instituto de Pesquisas da Paz de Oslo. O número de países envolvidos em guerras foi de 34, abaixo dos 39 registrados em 2022.

"A violência no mundo está em seu ponto mais alto desde o fim da Guerra Fria", afirmou Siri Aas Rustad, professora do Instituto de Oslo e chefe da pesquisa.

"Os números sugerem que o cenário de conflitos tem se tornado cada vez mais complexo, com mais atores em conflito operando no mesmo país", disse.

Segundo ela, o aumento dos conflitos pode ser atribuído, em parte, à expansão do Estado Islâmico pela Ásia, África e Oriente Médio, e ao aumento de outros atores não estatais envolvidos em conflitos, como o grupo Jama'at Nusrat al-Islam wal-Muslimin.

Os dados também mostram que, embora o número de mortes em combate tenha caído no ano passado, nos últimos três anos houve mais mortes relacionadas a conflitos do que em qualquer outro momento nas últimas três décadas.

O aumento drástico nas mortes em combate foi causado por três conflitos:

  • A guerra civil na região de Tigray, na Etiópia;
  • A invasão russa da Ucrânia;
  • O bombardeio de Gaza.
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Com isso, 2023 registrou um total de 122 mil mortes em combate, com mais de 71 mil pessoas mortas na Ucrânia e cerca de 23 mil mortas em Gaza em menos de três meses de 2023.

Onde estão as guerras

  • África: 28 conflitos
  • Ásia: 17
  • Oriente Médio: 10
  • Europa: 3
  • Américas: 1

Segundo o levantamento, o número de conflitos na África quase dobrou em comparação com dez anos atrás, de 15 em 2013. Nos últimos três anos, a África registrou mais de 330.000 mortes relacionadas a batalhas.

A queda contínua no número de conflitos no Oriente Médio foi revertida, com um aumento de oito para dez de 2022 a 2023. Em 2022, pouco mais de 5.000 mortes relacionadas a batalhas foram registradas no Oriente Médio, o menor número desde 2011. No entanto, em 2023, o número voltou a subir para quase 26.000.

"É importante observar que quase 23.000 delas foram registradas em Israel e na Palestina", destacou.

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"Os números do Oriente Médio dão esperança de que a violência extrema e os conflitos complexos, como na Síria, possam diminuir. Por outro lado, é uma preocupação constante o fato de vermos novos conflitos extremamente violentos surgindo com mais frequência do que antes", disse Rustad.

Brasil é destaque em situação de conflito não estatal

O levantamento ainda aponta que, em 2023, 75 conflitos não estatais foram registrados uma redução em relação aos 84 conflitos não estatais em 2022. Apesar da queda, as mortes permaneceram estáveis, em cerca de 21 mil.

O continente americano foi, pela primeira vez, o local do maior número de conflitos não estatais, com 36. Até 2022, a África era historicamente a região com o número mais alto, mas teve uma grande queda em 2023.

O Brasil registrou 14 conflitos não estatais em 2023, com cerca de 5 mil mortes. Mas o México - com o mesmo número de conflitos - continuou sendo o país mais violento, com quase 14 mil mortes.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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