Jamil Chade

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Reportagem

Brasil é 5º maior destino de investimentos no mundo, mas fluxo cai

O fluxo de investimentos externos diretos caiu no Brasil em 2023 em comparação aos dados de 2022, seguindo a tendência mundial. Os dados estão sendo divulgados nesta quinta-feira (20) pela ONU em seu relatório anual sobre investimentos. O levantamento revela uma contração dos fluxos nas maiores economias do mundo diante da tensão geopolítica.

Em 2022, o Brasil havia recebido US$ 73 bilhões em investimentos externos. Em 2023, esse valor caiu para US$ 66 bilhões.

Como a contração foi menor que a de outras grandes economias, o Brasil acabou subindo no ranking dos principais destinos do capital internacional. Em 2022, o país estava na sexta posição. Mas terminou 2023 em quinto lugar, superado apenas por EUA, China, Singapura e Hong Kong.

De acordo com o levantamento da ONU, o Brasil acabou ocupando o lugar que era da França. Em 2022, os franceses receberam US$ 76 bilhões em investimentos e estavam na quinta colocação. Mas, no ano passado, a queda foi importante e chegou a apenas US$ 42 bilhões.

Apesar da queda em comparação ao ano de 2022, o volume de investimentos recebido pelo Brasil foi ainda superior ao total dos anos de 2018, 2019, 2020 e 2021.

Além do Brasil, o único país latino-americano entre os principais destinos de investimentos foi o México, que subiu na 12ª para a 9ª colocação no ranking.

Rebeca Grynspan, secretária-geral da Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento, destacou que, apesar da queda em volume em 2023, houve um aumento dos anúncios de novos projetos no Brasil. Isso inclui tanto em minérios como na atração de indústria de energia renovável.

De fato, segundo a ONU, o anúncio grandes projetos no Brasil e no Chile impediram que a América Latina registrasse uma contração ainda maior do fluxo. Em 2023, o volume na região foi de US$ 193 bilhões, 1% a menos que em 2022.

"Com o crescimento da demanda global, as commodities e os minerais essenciais para as tecnologias de energia limpa foram o principal setor, respondendo por 23% do valor dos projetos da região nos últimos dois anos", afirmou a ONU. "Essa participação é mais de duas vezes maior do que em outras regiões em desenvolvimento", explicou.

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O investimento em energia renovável também foi importante, com quatro dos dez principais projetos anunciados relacionados à produção de hidrogênio verde ou amônia verde.

Em 2023, a América Latina e o Caribe atraíram 19 megaprojetos avaliados em mais de US$ 1 bilhão cada, sendo que 17 deles foram realizados por investidores de fora da região.

Em termos de estoque de investimentos, os Estados Unidos, a Espanha e Holanda foram os principais investidores.

Já na América do Sul, os investimentos estrangeiros caíram 2%, chegando a US$ 143 bilhões. Os fluxos acelerados para a Argentina, o Chile e a Guiana compensaram os valores mais baixos no Brasil e no Peru.

No mundo, essas foram as conclusões da ONU:

Em 2023, o investimento estrangeiro direto global diminuiu 2%, chegando a US$ 1,3 trilhão.

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Ao excluir o impacto de alguns poucos países europeus - como Reino Unido, Suíça, Irlanda e Luxemburgo - o relatório revela um declínio mais acentuado de mais de 10% nos investimentos estrangeiros globais pelo segundo ano consecutivo. Esse declínio é impulsionado pelo aumento das tensões comerciais e geopolíticas em uma economia global em desaceleração.

Embora as perspectivas continuem desafiadoras em 2024, o relatório diz que "parece possível um crescimento modesto para o ano inteiro".

Investimentos estrangeiros diminuíram

Os fluxos de investimentos para países em desenvolvimento caíram 7%, para US$ 867 bilhões no ano passado, refletindo uma redução de 8% na Ásia. Esse valor caiu 3% na África (saiba mais) e 1% na América Latina e no Caribe.

Os fluxos para os países desenvolvidos foram fortemente afetados pelas transações financeiras de empresas multinacionais, em parte devido aos esforços para implementar uma alíquota mínima global de imposto sobre os lucros dessas corporações.

O volume de recursos para a Europa caiu em 14% e, no caso da América do Norte, a contração foi de 5%.

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"Os fluxos continuam fracos pelo segundo ano consecutivo", afirma Rebeca Grynspan, secretária-geral da Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento. Para os países em desenvolvimento, isso significa problemas para o crescimento.

Outra constatação é de que recursos destinados para as metas sociais e de sustentabilidade caíram em 10%. "Essa é uma tendência preocupante", alertou.

A ONU ainda sinaliza a existência de sinais de desglobalização, com a produção migrando para países e regiões próximas de grandes mercados. Ou seja: para o Norte da África e América Central, locais que fornecem produtos para os EUA e Europa.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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