Jamil Chade

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Reportagem

'Mercado deveria estar exigindo que o BC baixasse juros', diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu ao mercado que pressione o Banco Central para que baixe as taxas de juros.

Em declarações ao UOL antes de embarcar de Genebra para a Itália, nesta quinta-feira (13), Lula deixou claro que seu foco "é o povo". "O mercado deveria estar exigindo que o Banco Central baixasse os juros", disse.

Lula participou nesta quinta da Conferência Internacional do Trabalho e insistiu sobre a necessidade de uma nova globalização e a taxação de grandes fortunas.

Em conversa com a reportagem diante da situação no Brasil, Lula deixou claro:

"Eu não governo preocupado com o mercado. Quero me preocupar com o povo brasileiro. Quero saber como está o povo. Se o povo estiver bem, pode declarar", disse o presidente.

Na avaliação de Lula, seu governo vai terminar com um "desempenho extraordinário". "Eu acho que vamos fazer um extraordinário governo", disse.

"O Brasil vai no rumo que queremos que vá. Estou convencido disso. Não há nada que faça não acreditar que vamos ter um desempenho extraordinário no final do governo", afirmou Lula.

"Governar é como plantar algo. Você planta, precisa preparar a terra, jogar a água e ai vai colher, E estamos no processo de colheita das coisas boas que plantamos", completou.

Defesa de Haddad

Horas antes, Lula saiu em defesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e disse que o debate sobre desoneração agora depende do Senado e dos empresários.

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Na terça (11), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, devolveu para o governo federal a MP do PIS/Cofins, apresentada pela Fazenda. Apelidada de "MP do fim do mundo", ela era alternativa para compensar a perda de arrecadação causada pela desoneração da folha de pagamento de municípios e 17 setores da economia.

A MP gerou fúria em parte do mercado, sobretudo no agronegócio. O presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), João Martins, chegou a dizer que foi convidado para um encontro com Lula, mas que se recusava a conversar com o presidente.

Para Lula, Haddad tentou "ajudar os empresários" propondo a reoneração. "Nem deveria ter sido o Haddad para assumir essa responsabilidade, mas o Haddad assumiu, fez uma proposta. Os mesmos empresários não quiseram", disse o presidente, após discurso na OIT (Organização Internacional do Trabalho), na Suíça.

A devolução foi encarada como uma derrota para o governo, em especial para Haddad. Incomodado com as críticas ao ministro, disse que Haddad é "extraordinário".

"Não sei qual é a pressão contra o Haddad. Todo ministro da Fazenda, desde que me conheço por gente, ele vira o centro dos debates, quando a coisa dá certo, quando a coisa não dá certo", disse Lula.

O presidente lavou as mãos. "Se, em 45 dias, não houver acordo sobre compensação, o que vai acontecer? Vai acabar a desoneração, que era o que eu queria, por isso que eu vetei naquela época", completou.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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