'Pode ser a última chance', afirmam EUA sobre evitar guerra regional
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, começou sua nona viagem pelo Oriente Médio desde que o conflito eclodiu em 7 de outubro de 2023. Mas, para negociadores e diplomatas, essa promete ser sua viagem mais importante. O objetivo é o de tentar garantir um cessar-fogo entre Israel e Hamas e, assim, evitar o que pode ser uma guerra generalizada pelo Oriente Médio.
O próprio Blinken admitiu que se trata da possivelmente da "última oportunidade". Sua viagem tem como missão convencer o governo de Benjamin Netanyahu de aceitar um acordo, enquanto os negociadores continuam o diálogo no Qatar e no Egito com o Hamas.
O governo do Irã já deixou claro que apenas um cessar-fogo em Gaza pode prevenir que o regime de Teerã retalie Israel como parte de uma resposta pelas mortes dos líderes do Hezbollah e do Hamas, há duas semanas.
"Este é um momento decisivo - provavelmente a melhor, talvez a última, oportunidade de levar os reféns para casa, conseguir um cessar-fogo e colocar todos em um caminho melhor para a paz e a segurança duradouras", disse Blinken durante uma reunião com o presidente israelense, Isaac Herzog.
Segundo ele, Joe Biden o havia enviado "para levar esse acordo até a linha e, em última instância, até o fim". "Chegou a hora de concluir o acordo", disse Blinken.
O recado dele era para todos os lados envolvidos. "Também é hora de garantir que ninguém tome medidas que possam inviabilizar esse processo. Estamos trabalhando para garantir que não haja escalada, que não haja provocações, que não haja ações que, de alguma forma, possam nos afastar da conclusão desse acordo ou, por outro lado, escalar o conflito para outros lugares e com maior intensidade", disse.
No domingo, a vice-presidente dos EUA e candidata democrata à presidência, Kamala Harris afirmou que não vai desistir de chegar a um acordo. "Vamos continuar trabalhando arduamente nisso, temos de conseguir um cessar-fogo e temos de libertar os reféns", disse.
Extrema direita israelense e Hamas resistem
Apesar da pressão americana, o acordo corre riscos. Do lado de Israel, a base de extrema direita do governo se recusa a fazer concessões. Já o Hamas acusou Netanyahu de "estabelecer novas condições para sabotar as negociações". As novas demandas, segundo eles, "não atendem às suas condições" em relação à libertação dos prisioneiros palestinos, mantidos por Israel.
Ambos os lados se acusam mutuamente pelo impasse na negociação. Isaac Herzog, presidente de Israel, afirmou nesta segunda-feira que o Hamas "se recusa a avançar" no diálogo. Já os palestinos insistem que Netanyahu é "100% responsável" pelo impasse.
O acordo prevê um processo em três fases. O plano é de que o Hamas libertaria todos os reféns em troca da libertação de prisioneiros palestinos. Numa primeira etapa, o grupo palestino liberaria cerca de 30 reféns em condição de vulnerabilidade. Haveria ainda uma retirada israelense de Gaza e, por fim, um cessar-fogo.
O pacote vem sendo negociado desde maio, com uma aprovação até mesmo do Conselho de Segurança da ONU.
Mas o Hamas quer garantias de que Israel não retomará a guerra depois que o primeiro lote de reféns for libertado. Já Israel quer garantir que as negociações não se arrastem indefinidamente pela segunda fase. Será neste momento que todos os reféns, incluindo soldados, seriam libertados.
Israel ainda quer manter uma presença militar ao longo da fronteira entre Gaza e Egito. Isso seria a forma de impedir que o Hamas consiga se rearmar e se reorganizar.
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