EUA condenam ordem de prisão de opositor em Caracas; Brasil mantém silêncio
O governo dos EUA condena o pedido de prisão contra Edmundo Gonzalez, candidato nas eleições venezuelanas, e sinaliza que não abre mão de sanções contra o governo de Nicolás Maduro.
"Em vez de reconhecer sua derrota nas eleições e se preparar para uma transição pacífica na Venezuela, (Nicolás) Maduro ordenou a prisão do líder democrático que o derrotou esmagadoramente nas urnas", afirmou o embaixador Brian Nichols, secretário de Estado assistente para o Hemisfério Ocidental.
"Edmundo Gonzalez promoveu a reconciliação nacional, e nós juntamos à crescente lista de parceiros internacionais que condenam esse mandado de prisão injustificado", afirmou.
Na segunda-feira, a Procuradoria-Geral em Caracas anunciou um pedido de prisão do candidato presidencial e opositor de Nicolás Maduro nas eleições de julho. Horas depois, um tribunal de primeira instância acatou a solicitação.
A ordem de captura ficará sob a responsabilidade do Corpo de Investigações Científicas, Criminais e Criminalísticas e muda de forma dramática qualquer perspectiva de uma mediação.
O documento que solicita a prisão, obtido pelo UOL, menciona crimes de conspiração e sabotagem ao sistema. Um das principais críticas por parte da ONU ao governo de Maduro é o seu controle de todo o sistema judiciário, incluindo a Procuradoria e cortes.
O governo americano apostava na eleição na Venezuela como forma de normalizar as relações com Caracas e, eventualmente, retirar parte das 900 medidas de sanções impostas contra o regime de Nicolás Maduro. O interesse americano está relacionado com a guerra na Ucrânia, com um forte impacto sobre o fornecimento de gás e petróleo da Rússia.
Mas, diante do recrudescimento por parte de Maduro, o governo de Joe Biden não tem demostrado qualquer interesse em ceder.
Brasil mantém silêncio, mas prisão preocupa
Na região latino-americana e na Europa, o pedido de prisão vem sendo alvo de críticas cada vez mais duras por governos como Chile, Argentina e vários outros. Por enquanto, porém, o governo brasileiro se mantém oficialmente em silêncio e não se pronunciou.
Nos bastidores, membros do governo admitem que o pedido de prisão pode enterrar de vez as perspectivas de uma mediação para buscar uma saída pacífica para a crise.
A esperança do Brasil e da Colômbia é que um plano possa ser estabelecido para conduzir o país a um governo de aliança nacional e, depois, a uma nova eleição. O pacote seria acompanhado pelo fim das sanções internacionais contra a Venezuela e uma anistia a todos, de ambos os lados do confronto político.
Mas, com a prisão do principal nome da oposição, qualquer chance de um diálogo fica comprometida.
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