Milei propõe aliança com Trump, Netanyahu e Meloni para 'salvar' o Ocidente
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Num discurso nesta sexta-feira na Flórida, o presidente da Argentina, Javier Milei, propôs a criação de uma aliança militar, econômica e diplomática para "salvar o Ocidente" e "combater o socialismo". Segundo ele, o pacto deveria ter os EUA no Norte, a Argentina no Sul, a Itália na Europa e Israel como "sentinela" no Oriente Médio.
A escolha dos países não ocorre por acaso. Cada um deles é liderado pela extrema direita.
A fala de Milei ocorreu enquanto, em Nova York, a ONU votava uma resolução para garantir a autodeterminação do povo palestino. Apenas seis países no mundo votaram contra, entre eles Israel, Argentina e EUA.
O discurso ocorreu durante o evento da entidade ultraconservadora CPAC e que, na quinta-feira, contou com a presença de Donald Trump. Milei divulgou fotos com o presidente eleito americano, argumentando ter sido o primeiro chefe de estado estrangeiro a ser recebido pelo republicano. O encontro, porém, durou apenas 11 minutos. Trump ainda afirmou que o argentino estava fazendo "um grande trabalho".
Um dia depois, ao falar com investidores, Milei atacou o "vírus socialista" e traçou paralelos entre ele e Trump. "Não sou um político e não quero ser. Tive de me meter nesse pântano como uma autodefesa, como fez Trump", disse.
Segundo ele, nas eleições nos EUA, "primou o sentido comum sobre o delírio comunista".
União militar, diplomática e política da extrema direita
Para ele, está na hora de se criar uma união entre esses líderes que sirva de "farol para o mundo". "O mundo está mergulhado em escuridão", disse. Milei destacou que tanto ele como Trump enfrentam o "mesmo problema": "a hegemonia cultural de esquerda que intoxica as instituições e formuladores de opinião".
"A esquerda começou a fazer uma batalha cultural e hoje esse vírus está em todo o Ocidente", justificou. Para ele, o que existe é uma "indústria dos direitos", numa crítica ao sistema de direitos humanos.
Para Milei, a busca por uma aliança deve se espelhar no que fizeram os gregos, 500 anos antes de Cristo, quando formaram uma liga contra os persas. Sua proposta é a criação, portanto, de uma "união de nações livres", que tem a função de defender o Ocidente.
Essa aliança, segundo ele, deveria ser militar, diplomática, cultural, política e econômica "para confrontar o barbarismo".
"Os EUA liderando no Norte, a Argentina no Sul, a Itália na Europa e Israel como sentinela no Oriente Médio", detalhou. "Só com força e cooperação pode haver esperança de paz", disse.
Para ele, "não há causa mais nobre que a causa do ocidente". "Temos de restaura-la em toda sua glória".
Ele citou ainda o império romano, a luta dos europeus contra os árabes e a colonização das Américas como momentos da história que revelam a defesa do Ocidente.
Milei ainda defendeu o capitalismo e disse que o sistema "tirou da miséria milhões de seres humanos". "Vivemos uma mudança de era. Nos chamam de loucos. Mas vamos adiante", disse.
Milei ainda convidou Elon Musk e Trump para visitarem a Argentina em dezembro, para mais um encontro da CPAC, em Buenos Aires. Sem citar a situação da pobreza no país, ele apenas insistiu que quer que os líderes mundiais vejam "a festa do povo argentino".
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