Trump promete hotéis em Gaza e ameaça romper cessar-fogo com Hamas
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que quer a construção de hotéis e prédios de escritórios em Gaza e insiste que parcelas de terras na Jordânia e no Egito poderão ser usadas para alocar os palestinos. Trump ainda repetiu o ultimato que deu ao Hamas: ou liberam todos os reféns israelenses até sábado, ou o cessar-fogo está suspenso.
"Eles dizem que são os durões, vamos ver o quão durões eles são", disse Trump, durante uma audiência no Salão Oval ao lado do rei da Jordânia, Abdullah 2º.
Nesta terça-feira, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também sinalizou que romperia o acordo com o Hamas se os reféns não forem soltos. "Os militares voltarão a lutar intensamente até que o Hamas seja finalmente derrotado", disse o israelense.
Sami Abu Zuhri, representante do Hamas, respondeu: "Trump deve se lembrar de que há um acordo que deve ser respeitado por ambas as partes, e essa é a única maneira de trazer de volta os prisioneiros (israelenses). A linguagem das ameaças não tem valor e só complica as coisas".
Durante o encontro, Abdullah 2º, da Jordânia, evitou publicamente rejeitar o plano do norte-americano de retirada dos palestinos. O monarca, recebido na Casa Branca nesta terça-feira (11), anunciou que acolherá 2.000 crianças de Gaza com câncer ou doentes.
Questionado se estaria de acordo com o controle americano em Gaza, o rei se negou a responder. "Vamos conversar entre os países árabes. Vamos ver o que é de interesse de todos e de meu país", disse. Há uma semana, porém, seu governo havia assinado uma declaração conjunta contrária à reiterada dos palestinos.
Segundo o jordaniano, uma resposta vai depender ainda de como autoridades no Egito vão reagir. "Não vai demorar para termos um acordo", garantiu Trump.
O americano, de outro lado, insistiu que seu projeto está tendo um "enorme apoio". "É um gesto bonito de receber 2 mil crianças. Vamos trabalhar com Egito também para ter progresso", disse Trump.
Para o presidente, transferir os palestinos "não é complexo". "Sob o controle dos EUA, vamos ter estabilidade", disse. Segundo ele, não será sequer necessário ameaçar a Jordânia e Egito com o corte de recursos americanos. "Estamos para além disso", afirmou.
Um dia antes, o presidente americano havia alertado que suspenderia qualquer repasse se o acordo não fosse estabelecido.
Segundo Trump, existem outros países que querem estar envolvidos na retirada dos palestinos.
Perguntado se uma família palestina não quiser se mudar de Gaza, o americano apenas respondeu que serão "muito felizes". "Os palestinos vão viver lindamente e em segurança em outro lugar. Hoje vivem no inferno", disse. Segundo ele, o projeto trará "empregos" para o Oriente Médio.
Questionado por jornalistas se isso não seria uma limpeza étnica, Trump desconversou. "Vamos levá-los a um local lindo. Alguma outra pergunta?", lançou.
Pressionado uma vez mais, ele apenas rebateu: "fui do mercado imobiliário. Sei que vão amar".
O americano, porém, mudou de versão sobre como fará para obter o território. Na semana passada, ele falou em comprá-la. Nesta terça-feira, ele mudou de versão.
"Não vamos ter de comprar nada. Vamos tê-lo. Ninguém questionaria. E vamos fazer paz e vamos administrá-lo bem. Vamos construir hotéis, prédios de escritórios e moradia", disse Trump.
74 comentários
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Antonio Mauricio Fonseca de Oliveira
O imperialista agora quer governar o mundo. Absurdo.
Emerson Luis de Oliveira Lima
Como assim, Trump romper? Achei que o problema do Hamas fosse com Israel (contém ironia). Quem diria que essa foi mais uma guerra americana por procuração. As cortinas caem, e o real motivo aparece (spoiler: nunca foram os reféns).
Antonio Jorge Chiade Merjam
O mundo não é o prédio dele