Ucrânia: o improvável ponto de convergência entre Trump e Lula

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Há dois anos, um líder das Américas sugeriu que, para que a guerra na Ucrânia fosse encerrada, o presidente Volodymyr Zelensky teria de ceder território. A frase abriu uma crise profunda e foi alvo de acusações graves.
A proposta havia sido de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que insistia em manter os canais de diálogo com a Rússia e que, em mais de uma ocasião, telefonou para Vladimir Putin. Ele foi criticado pelo Ocidente e pressionado por diferentes chefes de governo. No Brasil, bolsonaristas o acusaram de ficar ao lado de agressores.
Zelensky ainda esnobou Lula em cúpulas, acusou o brasileiro de difundir "desinformação" e, em dezenas de entrevistas para jornalistas e acadêmicos brasileiros que viajaram até Kiev, disse que o presidente estava contribuindo para a invasão russa.
A postura de Lula também foi criticada pelo senador Sérgio Moro que, em dezembro, viajou até Kiev para "conhecer os crimes de guerra de Putin".
Nesta quarta-feira, a proposta de que Kiev tenha de ceder terras voltou a ser colocada sobre a mesa. Desta vez, por Donald Trump, a maior referência do bolsonarismo, numa guinada profunda na política externa dos EUA.
O americano admitiu que a Ucrânia não entraria na Otan e que não ficará com seu território intacto. Isso, claro, para que haja um acordo que Putin possa aceitar.
Para completar, Trump alertou que vai exigir de Zelensky que o investimento dos EUA na Ucrânia seja recuperado. O caminho será o acesso aos recursos naturais do país.
Lula e Trump certamente não falam a mesma língua, e seus objetivos são radicalmente diferentes. Mas, na questão ucraniana, um improvável ponto de consenso parece ter sido atingido.
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