Jamil Chade

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Opinião

Deportar criança de 4 anos com câncer revela plano de desumanização nos EUA

Ao deportar uma criança de quatro anos de idade e que estava em tratamento contra um câncer, o governo de Donald Trump deixou evidenciado que não haverá limites para seu projeto de desmonte dos direitos fundamentais.

Documentos de um processo conduzido pelo juiz federal Terry Doughty indicam que a criança foi enviada para Honduras na última sexta-feira, "sem um devido processo legal", ao lado de sua mãe e mais dois irmãos. Todas as três crianças eram cidadãs americanas.

De acordo com um processo aberto pelos advogados da família em nome do pai da criança, a deportação ocorreu sem que a criança pudesse ter levado os remédios de seu tratamento.

A entidade American Civil Liberties Union (ACLU) informou que os funcionários do Departamento de Imigração e Alfândega (ICE) de Nova Orleans deportaram a mãe e três crianças de dois, quatro e sete anos de idade para Honduras.

A criança e seus familiares foram detidos durante uma consulta de rotina em um escritório de imigração de Nova Orleans em 22 de abril. A família vivia nos EUA há anos e foi "deportada em circunstâncias profundamente preocupantes que levantam sérias preocupações com o devido processo legal", disse a ACLU.

Em cem dias de governo, Trump atacou o estado de direito, as instituições da democracia, o jornalismo, a liberdade acadêmica, os direitos humanos e abriu uma ofensiva contra as populações mais vulneráveis.

Mas o caso da criança com câncer revela que não se trata "apenas" de uma guinada a valores conservadores ou uma ação para frear a imigração irregular. Trata-se também de um projeto de desumanização, desenhado com ódio e desinformação.

A barbárie como política de Estado.

Instaurar o medo e declarar que os latinos não são bem-vindos não são apenas políticas para proteger fronteiras. Em seus discursos e atos, Trump cria o "outro" a ser combatido.

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Envia para masmorras em El Salvador ou para o limbo jurídico de Guantánamo. Faz os "indesejados" desaparecerem do sistema legal. Suspende seus direitos mais básicos.

Tão absurda quanto a deportação de uma criança com câncer foi a reação da Casa Branca diante das revelações. Tom Homan, czar de fronteira de Donald Trump, rejeitou a tese de que essa tenha sido uma escolha do governo. Segundo ele, foi a mãe que, ao ser deportada por estar de forma irregular no país, optou por levar seus filhos, todos eles americanos.

"Estamos mantendo as famílias unidas", disse ele, estabelecendo novos padrões para o cinismo. "O que fizemos foi retirar as crianças com suas mães, que solicitaram que as crianças partissem com elas. É uma decisão dos pais", disse, sem corar.

Como não se lembrar de Tennessee Williams e sua constatação: "A única coisa pior que o mentiroso é um mentiroso hipócrita".

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

8 comentários

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Acinc

Quem faz o negativo na terra  na terra paga !!! Trump sua troupe a hora de vocês vai chegar!!!

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Juliano Neves Valeta

Esses caras vão pegar uma cana quando o governo deles acabar. Isso é coisa pra Haia. Ai depois quando pegar cana é choroso. Não tem o mínimo de noção.  Parece a Alemanha de 1939. Vou o que deu

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Antonio Maria de Clare Gomide

Trump é um covarde. Mas já tá ficando de quatro pra China. Vamos aguardar...

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