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Kassab vai definir a terceira via
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Bolsonaro conquistou 57,7 milhões de votos, criou um exército digital, seguidores fanáticos e não conseguiu organizar um partido político oficial. Kassab, sim.
E um partido que cresce em progressão geométrica e pode ser o maior do Brasil em número de parlamentares.
Kassab prioriza a consolidação do partido e por isso prefere rumar à candidatura própria, ainda que não seja um nome para ganhar, a apoiar Lula no primeiro turno.
Pela heterogeneidade do partido, sobretudo nas seara regional, que é característica de quase todos os partidos grandes, ter um candidato próprio colabora na coesão do PSD e permite que as diferentes correntes internas, de Bolsonaro a Lula, não se fragmentem no primeiro turno.
No segundo, com muito mais cacife, Kassab negociará o apoio do PSD, com maior valor agregado e, por consequência, com mais lucro partidário.
Kassab, além do faro político, é negociador nato.
Se o seu candidato passar para o segundo turno, hipótese menos provável, seja Eduardo Leite, ou Rodrigo Pacheco (menor ainda), ele tem a chance de chegar à presidência da República explorando o anitlulismo, sem a mácula bolsonarista.
Atenção: Lula tem praticamente o mesmo número de eleitores que dizem votar nele com certeza e os que afirmam que não votariam em Lula de forma alguma. Cerca de 43%.
Ou seja, tem uma rejeição alta, que não aparece tanto, pois a de Bolsonaro é muito superior.
Contudo, se Lula restar no segundo turno com alguém que não Bolsonaro, essa rejeição despontará e pode aumentar.
Se o candidato de Kassab não passar (maior probabilidade hoje), ele negocia com Lula com a vantagem de a negociação significar não só a eleição, mas a concretização de uma base de apoio em que Lula necessitará menos do Centrão. O PSD é um Centrão à parte e menos oneroso.
Kassab sabe disso. E Lula também.
Por este motivo, Lula está desesperadamente atrás de Kassab, e cada vez aumentando a oferta. Para Lula, o ideal seria ter Alckmin como vice vindo do PSD, mas tal cenário está praticamente descartado. Alckmin virá por outro partido.
Se Alckmin viesse do PSD, Lula ajudaria Haddad, a si mesmo, e fisgaria Kassab, combo "três em um", mas Kassab não é iniciante, e a coisa não pega. Ele perderia o cacife e a força para estruturar o partido com candidato próprio.
Dessa forma, investindo na estruturação e fortalecimento do partido, que dá ao PSD mais poder nacional, Kassab vai definir, praticamente, quem pode ser a terceira via com chances de ameaçar Bolsonaro no segundo turno. Conforme seu candidato, e segundo o modo que o partido conduzirá a campanha.
Inclusive com a possibilidade de haver uma "cristianização do candidato do PSD", conforme sua personalidade e desempenho. Pacheco tem mais perfil para ser "cristianizado".
Cristianizar na política vem da situação havida em 1950, quando o PSD lançou Cristiano Machado à presidência e ele perdeu apoio no próprio partido, por parte de vários líderes que passaram a trabalhar por Getúlio Vargas do PTB. O jeitinho entrou para a história e criou um verbo.
Se Kassab lançar um candidato débil na construção de apoios e votos, haverá a oportunidade de outros candidatos como Moro, Tebet, Doria se aliarem.
Se for forte, Kassab disputa o segundo turno, e, talvez, a eleição.
Hoje Kassab é o político mais habilidoso em curso. O que não quer dizer que sempre tenha sucesso.
A vida na política é repleta de surpresas e intercorrências imprevisíveis.
Todavia, por enquanto, é o movimento de Kassab que balizará a terceira via.
Este é o medo de Lula.
E Kassab lida com isso com cortesia e lhaneza, com a candura de um negociador de raiz.
Lula encontrou um profissional, como diria Tancredo Neves a Maluf.
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