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José Luiz Portella

REPORTAGEM

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Lula considera segundo mandato de Campos Neto no BC para agradar o mercado

7.abr.2020 - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em coletiva de imprensa sobre as medidas de combate ao coronavírus - Edu Andrade/Fatopress/Estadão Conteúdo
7.abr.2020 - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em coletiva de imprensa sobre as medidas de combate ao coronavírus Imagem: Edu Andrade/Fatopress/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

05/04/2022 10h40

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Lula considera manter Campos Neto em um segundo mandato como presidente do Banco Central —ele tem mandato garantido até 31 de dezembro de 2024, mesmo com troca de presidentes.

Foi o que disse Gleisi Hoffmann no Esfera Brasil, um centro de discussão de ideias políticas, um "think tank" que reúne empresários, empreendedores e a classe produtiva, "de olho no crescimento do Brasil", como Esfera Brasil se apresenta. Quer ser um polo aglutinador do empreendedorismo brasileiro.

Lula não quer ser revanchista. Ele só tem ressentimento por ter oferecido tantas oportunidades aos empresários no Brasil e ser tão rejeitado. Dói.

Lula entende que o empresariado ganhou dinheiro nos governos dele, com as políticas públicas realizadas.

Na realidade, Lula foi bastante pró-mercado com a indicação de Meirelles para o Banco Central. E a manutenção de Campos Neto seguiria a mesma linha de deixar no BC alguém que fala a língua do mercado.

Isso não significa que não irá efetuar políticas sociais e deixar de ter a visão que tem sobre teto de gastos, Petrobras. Eletrobras e taxação de dividendos. É ambíguo, mas é assim.

Lula também indicou Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, para Dilma colocar como ministro da Fazenda. Como Trabuco não aceitou, e indicou Joaquim Levy, Lula abençoou. Dilma realizou, gerando uma política econômica totalmente contrária à anterior da Nova Matriz.

Palocci fez uma política bem alinhada com o mercado em Lula 1. Com a concordância dele.

Por tudo isso, Lula se julga injustiçado pelo mercado e não compreende como tantos líderes do setor apoiam Bolsonaro, que para Lula "desgoverna o Brasil" e não fez o que combinou com o mercado, via Paulo Guedes.

Ele crê que Bolsonaro enganou o mercado e este ainda acende velas e bate palmas para ele.

Lula também esteve recentemente com André Esteves, para conversar sobre o mercado, e sabe que Esteves acredita que quem deseja crédito não precisa mais do BNDES, pode se socorrer do BTG.

Lula tomou conhecimento, mas não aprovou a ideia.

O desejo de Lula é ter relação com o mercado sustentada por diálogo constante. A ver.

Mas ele percebe que a rejeição ainda é alta.

Campos Neto pode ser a ponte.

Lula pretende governar com gente nova.