Benchimol inaugura a aceleração do beija-mão do mercado financeiro a Lula

Guilherme Benchimol esteve com Lula não para corrigir eventuais erros que a Faria Lima atribui aos governos do PT mas para se aproximar. Como assegurou fonte do Instituto Lula.

Benchimol elogiou Lula e teve uma conduta muito mais de quem deseja ficar amigo. Não foi conversar sobre se a Nova Matriz Econômica pode voltar.

O fato é o seguinte: tem aumentado a procura de líderes da Faria Lima a Lula. No escurinho do ex-Instituto Cidadania (agora Lula).

Benchimol realizou dois movimentos:

1- Aproximou-se para ser colocado no radar, se Lula for presidente. Poder fala com poder. Algo mais corporativo amplo senso.

2- Procurou diminuir a diferença que tem para o concorrente André Esteves, do BTG, que é muito próximo. Algo mais pessoal.

A Faria Lima se compõe de dois grupos:

Um que não aceita Lula de forma alguma, nega sua possível vitória e torce apaixonadamente, não racionalmente, pela derrota de Lula.

Estão com Bolsonaro apesar de tudo o que este fez, porque a rejeição a Lula é maior.

Outro, que admite a vitória de Lula.

Subdivide-se: parte que o procura para estabelecer relações e ganhar um lugar na sala presidencial, quando precisarem.

Alguns conseguem falar com Lula diretamente, os mais poderosos Limers, como Benchimol, procurando Lula ou criando condições de encontro, aqueles que chegam até ele e os que falam com seus assessores econômicos mais relevantes.

Este segundo grupo que almeja conversar com Lula e respectivos assessores está aumentando, e é por isso que Benchimol, como um "Limer 6 estrelas" inaugurou o chamado DIÁLOGO, ou beija-mão.

Fonte do Instituto Lula diz que Benchimol procurou Lula, mas isso não foi possível confirmar. De qualquer forma, houve um processo de aproximação.

Que Lula também quer.

Enganam-se aqueles que supõem que Lula fará uma guerra sem quartel contra a Faria Lima. Não vai.

Enganam-se aqueles que pensam que Lula se portará como no período Palocci, pró-mercado. Não o fará.

Nem um, nem outro.

Lula guarda mágoas da forma como os empresários e Limers o trataram no período de vacas magras, concomitantemente é esperto o suficiente para saber que não pode governar contra o mercado financeiro.

Fará uma composição, desta vez, menos "mercadista".

Benchimol, no mínimo, ocupou uma raia na piscina da sala, impedindo que Esteves nade de braçada no afeto do governo Lula, como dizem que nadou em outros tempos.

Benchimol sabe muito bem que, com este ato efetuado, abriu a indução ao mesmo caminho, para outros Faria Limers que ainda estavam tímidos e retraídos.

O que está ocorrendo, e que muita gente não deseja enxergar, é haver um afunilamento para o voto útil, já no primeiro turno.

Como a terceira via não vinga, parte dos votos que estavam com outros candidatos, na margem, e parte dos votos indecisos, também na margem, estão rumando para os dois líderes nas pesquisas.

Reiteramos o que outras colunas já descreveram porém agora com os exemplos práticos de consecução.

Isso está aumentando mais os votos de Bolsonaro, pois ele diminuiu a rejeição por conta da repulsa a Lula ser grande, Lula estar tocando o teto, e os eleitores mudarem de posição, na margem.

Porém, Lula precisa atingir 44% ou 45% para ganhar a eleição no primeiro turno, considerando que a média de 10% a 12% de votos não-válidos se repetirá. Por isso, está trabalhando em formadores de opinião que não o seguiam, como o mercado financeiro. A fome junta-se à vontade de comer.

Com 43,5% Lula fica no fio da navalha para triunfar no primeiro turno, muito difícil, mas conserva chances. Com 43% é quase impossível se eleger nesta fase.

Quanto ao segundo turno, Lula tem confortável diferença, e só perde se cometer uma miríade de bobagens e asneiras.

Enquanto isso, pragmaticamente, a Faria Lima vai abrindo uma via rápida para o Ipiranga (adjacências do Parque da Independência), um "fast track".

Que teve o passeio inaugural festivo, a efeméride, com Guilherme Benchimol, que contou a Lula a história do menino demitido que foi visitar condomínios em Porto Alegre e se tornou a XP atual.

Lula gosta de histórias de superação. Benchimol soube contar a respectiva.

Não chegou lá por acaso.