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José Luiz Portella

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

São Paulo pode e vai derrotar a extrema pobreza; saiba como

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (à esq), e o governador do estado, Rodrigo Garcia (à direita)  - Herculano Barreto Filho/UOL
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (à esq), e o governador do estado, Rodrigo Garcia (à direita) Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

Colunista do UOL

19/05/2022 09h39

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A notícia boa: São Paulo pode resolver o problema da extrema pobreza em 4 anos. A Notícia ruim: depende de todos nós. E não estamos acostumados com isso.

O Brasil acha que suas mazelas serão resolvidas numa canetada pública ou na construção de um estado mínimo. Ambas não funcionam.

São Paulo tem um plano, há dinheiro para resolver quase que 100% do problema da extrema pobreza na capital.

Conversei diretamente com o governador Rodrigo Garcia (PSDB) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Ambos reconhecem a gravidade da questão, possuem a devida sensibilidade e estão dispostos. A ver.

O plano está localizado na prefeitura, Garcia me disse que é lá mesmo que precisa ser desenvolvido, contudo, está disposto a colaborar e colocar recursos financeiros também. O Estado de São Paulo está com caixa cheio e a prefeitura também. O Campo de Marte ajudou ainda mais.

Ocorre que solucionar problemas graves e tradicionais com políticas públicas não é simples assim.

Não basta ter vontade política e dinheiro, cabe a capacidade de implantação, vencer obstáculos burocráticos grandes, respeitar rigorosamente a legislação, que muitas vezes é contraditória e complexa, engajar os agentes públicos e incorporar à sociedade.

Sem a sociedade, nenhuma grande tribulação se resolve por inteiro. A sociedade precisa saber disso.

Não existe uma mão invisível do estado, nem do mercado, que sós solucionam como mágica o pensamento desiderativo.

O plano tem 11 projetos, o prefeito de São Paulo viu na quinta-feira (5), no final da tarde, e disse: "Vamos fazer. Estava junto seu braço direito e esquerdo Diogo Soares".

Contempla um conjunto de ações, mas a chave é que movimenta toda a sociedade paulistana e as ações são sinérgicas e com foco, a evitar a dispersão.

  1. Unificação de cadastros (já em andamento pela iniciativa do secretário Rizek) e depois um censo com participação de universitários, para levantamento dos buracos que ainda restarão mesmo após a unificação. Principalmente onde estão os 1.500.000 paulistanos, que constam viver com R$ 105 reais por mês per capita ou menos.
  2. Coordenação da visão do trabalho de todas as ONGs que atuam na área do combate à pobreza, para estabelecer o Mapa de Cobertura da Cidade. Quem está ajudando quem, onde e como. Para a prefeitura e o estado complementarem.
  3. Articulação de Sistema de Doações de grandes empresários e artistas com a novidade do sistema direto. Doação vai direto do doador ao beneficiário. Sem passar por qualquer órgão do estado. Com a criação de uma rede de WhatsApp que será alimentada pelos agentes públicos, sobretudo os sociais e de saúde, que permitirão que os beneficiários que autorizem sejam vistos em rede pelos doadores. Conhecer a quem doa. Será o WhatsEP, rede da Extrema Pobreza (EP).
  4. Bolsa Paulistana - Valor a ser definido pelo prefeito e Câmara Municipal, de acordo com a realidade cada um, levando em conta os fatores não monetários diretos, que as pessoas podem receber, como acesso à Saúde, Educação e Habitação.
  5. Mães Solo - Bolsa especial para mães solo, ponta de baixo da extrema pobreza com rendimentos abaixo de um salário mínimo. A definir.
  6. Participação de Bancos, Hedge Funds e Instituições do mercado financeiro ofertando equipamentos ou serviços, por região da Cidade, suplementando o que as ONGs oferecem ou cobrindo os buracos existentes. Com a criação de um selo, de categoria diferenciada para as empresas que contratarem moradores em situação de rua, conforme a quantidade contratada (ideia contribuição do Padre Lancellotti).
  7. Articulação com FIESP, SEBRAE, SENAI,SENAC, SENAR a ser estabelecida, para treinamento para emprego aos cidadãos interessados e aos filhos jovens dos moradores em situação de rua. Essas entidades recebem recursos via desconto na folha de pagamento e têm estrutura e desejo de colaborarem de forma estruturada e sinérgica. A definir com elas.
  8. Programa Especial de Saúde para crianças que estão em situação de rua. Em convênio com hospitais da rede particular, que têm ação social e são relevantes na medicina como Einstein, Sírio-Libanês, Vila Nova Star e outros. A construir com eles, que estão sempre dispostos através das respectivas direções.
  9. Parceria prefeitura-USP. Em vários projetos que contemplem a extrema pobreza. Já se falou com o Reitor Carlos Gilberto Carlotti, que concordou e está definindo um gestor que será o coordenador da parceria na USP.
  10. Bolsa para as famílias que adotarem moradores em situação de rua, com parentesco ou não, cujo valor está sendo definido na Camara Municipal de São Paulo. Que também está toda voltada para a solução do problema.
  11. Habitação Primeiro. Programa Housing First, que visa a dar, antes de tudo, moradia para os sem-teto.

O plano pode ser complementado com ações novas ou aprimorado, ninguém dispõe do dom da consciência. Novas ideias são bem-vindas.

Além do governador e prefeito, figuras essenciais na liderança do projeto, os assessores mais importantes de ambos, Wilson Pedroso, secretário particular do governador, e Diogo Soares, assessor faz-tudo do prefeito, tomaram conhecimento e entendem que o assunto é prioritário.

Com eles e o engajamento da sociedade, São Paulo seguramente vai superar a vexaminosa situação de ter tanta gente na pobreza na cidade mais rica da América Latina e que é síntese e locomotiva do Brasil.

Prefeito e governador estão engajados.

A ativação de todas essas ações, simultaneamente, suscitarão sinergia que provocará novas ações criativas e complementares, fazendo São Paulo propiciar ao Brasil, um caminho para combater a extrema pobreza do país, que também pode ser extirpada em 4 a 5 anos, se houver um presidente sensível a isso.

Falta só resolver o busílis da dificuldade: engajar a sociedade toda organizadamente na causa.

Não ocorrerá por discurso de campanha, nem por salvador da Pátria, nem por prestidigitação.

Assim é como São Paulo vai resolver o problema.

O combate à desigualdade deve ser a nossa luta maior.