Topo

José Luiz Portella

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Reforma partidária em curso vai mudar a sua vida, para o bem ou para o mal

Plenário da Câmara dos Deputados - Antonio Cruz/Agência Brasil
Plenário da Câmara dos Deputados Imagem: Antonio Cruz/Agência Brasil

Colunista do UOL

31/05/2022 17h31

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Em 2006, o STF consagrou o manicômio partidário, ao permitir a miríade de partidos, sob a égide efusiva da democracia e direito de livre expressão.
Não explicou o porquê de os partidos pequenos estarem há tanto tempo com tantas oportunidades, e não lograrem um mínimo de apoio na opinião pública, o que configuraria a devida representatividade.
O ex-ministro Marco Aurélio, notável pelo desejo de protagonismo bizarro, consagrou a tese. Os outros acompanharam, vários, já se arrependeram publicamente.
Vivemos então o balcão de negócios de siglas sem a menor expressão, o aluguel de legendas, e, pior, o presidencialismo dito de coalizão, conhecido popularmente como presidencialismo de cooptação, do Centrão, que general heleno, com h minúsculo, aderiu alegremente.
O PT, reconhecido como partido que tem o maior número de adeptos declarados e base popular, em anos de poder, não quis mexer na reforma política, tangido pelo conforto de estar no Poder, e adotar mensalão e Petrobras como modo de adesão incentivada de partidos.
Finalmente agora, por conta das circunstâncias, e não pelo dedos de líderes, o destino traça caminho rumo à reforma, não total como devia, mas, um grande passo.

Em 2023 teremos um quadro diferente.

Que as pessoas que não acompanham a política não compreendam a importância, entende-se facilmente, mas que analistas, que militaram na cobertura política não o façam é surpreendente. E, triste.
A notícia é que haverá uma reforma política primária, mas com ela, as decisões do Congresso, que afetam as vida de todos, inclusive dos que não captaram a importância, será realizada.
E como?
Onze partidos que hoje perfazem 81% da CD passarão a alcançar pouco mais de 90%. Significa que poucos presidentes e respectivas executivas começarão a decidir os destinos dos projetos, e consequentemente da Nação, com mais autonomia, a permitir maior governabilidade, menos incerteza, menos balcão, menos orçamento secreto (provavelmente nenhum).
Isso, por si só, é uma grande mudança.
Hoje, os 20% que estão fora desses 11 partidos, colaboram em muito para que o governo dependa de bancadas identitárias, regionais, transversais. Vão diminuir bastante a força,

Ainda não será o ideal, mas avançar é muito bom.
Como ocorrerá isso?
Teremos 4 partidos de esquerda:
As duas federações (PT-PCdoB-PV) e (PSOL-Rede), que farão os seguintes parlamentares na CD - PT 75, PCdoB 15, PV 10 = 100
PSB 25, PDT 25 , PSOL 8-Rede 2, somando a federação 10 = 70
Soma da esquerda = 170
Teremos 3 partidos de direita:
PL com 75, PP-45, Republicanos 45 = 180, à direita.
Haverá 4 partidos de centro e que irão definir a maioria para qualquer lado, conforme o vencedor da eleição, Lula ou Bolsonaro.
MDB com 35, PSDB - Cidadania 20 , União Brasil com 50 e PSD com 58 = 163. O que garante o centro como fiel da balança.
Esses números foram levantados pelo presidente nacional de um partido, alguém que mais entende desse bastidor e tem, em seu partido, conseguido formar bancada conforme apregoa, ou seja, faz o que fala, entende do riscado.

E passou pelo crivo de dois assessores de presidentes de outros partidos, que não confirmaram número exato, mas concordaram com a estimativa feita, inteiramente.
Claro, que isso é uma estimativa. Se você não sabe quanto vai ser a inflação do mês que vem, com tanta gente calculando e aplicando fórmulas, ninguém vai saber exato o número, mas será muito próximo, com pequenas variações, que não afetam a tese de diminuição de partidos no processo decisório da CD e, consequentemente no Congresso, e na vida dos brasileiros.
Selic, inflação, juros, números que a mídia publica a todo instante, com projeções, além do boletim Focus do BC, e que são uma estimativa bem informada.

Toda projeção é uma estimativa, é preciso saber o que ela está sintentizando e sua margem de erro impacta na conclusão. No caso, não.

O importante aí não é o pingo no 'I", e sim o cenário, o filme futuro, que será estrelado por mesmos partidos e cabeças decidindo.
Só quem não tem o menor conhecimento de política partidária e congressual pode achar que isso é um chute, como algo, vazio, sem base, opinião de uma pessoa.
Quem faz política entende tal base muito melhor do quem se dedica à crítica sem sustentação.
Pena!
O que significa isso na sua vida?
Que você poderá ter mais estabilidade nas decisões do país e melhor previsão em um país que prima pela insegurança política e jurídica. As relações entre Legislativo e os outrs poderes também irão se estabilizar mais.
Nada é perfeito, nem o pensamento de Newton, contestado posteriormente por novas descobertas. Einstein, também. Popper explicaria melhor com a teoria do falseamento.
Mas, vivemos das referências possíveis, no momento.
A estimativa da mudança partidária é sólida, baseada em cálculos dos partidos, claro, com margem de erro, mas, que no caso, não alterará o raciocínio.
Se Lula ganhar, ele decidirá com 8 partidos, um deles o seu, onde tem bastante autoridade. Juntará deputados soltos vindos da direita, oportunistas, mas que não influenciarão como influenciam agora.

Mudança que não pode ser negada. Para melhor.
Se Bolsonaro vencer, além da força que enfeixará pelas circunstâncias em que teria feito a virada, governará com 7 partidos e dissidentes da esquerda, oportunistas também.
Em ambos os casos, haverá imensa mudança institucional, amparada por emendas constitucionais, uma indo para a centro-esquerda, outra para a direita radical e tentativa de perpetuação no Poder, como Viktor Orbán, na Hungria e Putin, na Rússia; e XI Jinping na China, porque extremos são sempre iguais, na destruição da democracia. Fascista, nazistas, comunistas são iguais, nesse sentido.
Não serão só mudanças de costumes, serão transformações radicais como privatizar a Petrobras ou a empresa ir para o lado oposto. Reverter Eletrobras, se for privatizada. Lei das Armas.
E, isso, também se refletirá na vida das pessoas, sobretudo na economia.
Apesar dessas informações terem partido de pessoas extremamente influentes e conhecedora da política partidária nacional, um, presidente maior analista e protagonista, e alicerçada em dois assessores presidenciais de partidos médios importantes, vou deixar a matéria anterior, que abordava tal notícia, como matéria de opinião, porque as fontes pediram para não ser identificadas e, ao que se saiba, off é um recurso jornalístico lícito, para trazer informação ao leitor.
Eppur si muove! Como disse Galileu.
Isso é opinião, a coluna anterior sobre o assunto, reportagem.

E quem entende de política partidária sabe a importância.

Sua vida vai mudar. Para o bem ou para o mal, conforme sua visão de mundo.