Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Exame/Ideia - Governador de São Paulo, eleição mais acirrada do Brasil
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Saiu Exame/Ideia, pesquisa para eleição de governador de São Paulo.
Estimulada:
Haddad 27%;
Tarcísio 17%;
França 14%;
Garcia 11%.
Como a margem de erro é de três para mais e para menos, estariam todos empatados. Em tese, sim. Na prática, se olharmos os movimentos, não.
Mesmo sendo uma pesquisa específica de um instituto, e, portanto comparável só a outra do mesmo instituto, nas mesmas condições, e mesmo se tratando de margem de erro alta, que permite interpretação que leva a embolar todo mundo, se olharmos o todo, o histórico de outras pesquisas, e o momento em que está ocorrendo (timing) , é possível observar:
1- Haddad está tocando seu teto. Que deve ser 30%, no máximo 32%, mais para 30%. É o histórico do PT e aliados de extrema-esquerda em SP -PSOL e PCdoB. O que significa que candidatura não consegue penetrar no centro e resvalou definitivamente para a esquerda tradicional. Não rompe a cortina de ferro.
Haddad deve ficar por aí, todavia, o mais relevante na tendência, é que sinaliza que Haddad perderá no segundo turno, se continuar assim. Ele não consegue seduzir o centro e carrega a rejeição do PT, bem explicitamente.
2- Tarcísio e Garcia estão crescendo na proporção estimada, com Tarcísio mantendo dianteira com relação a Garcia, isso pode se consolidar. A tendência maior é essa. Quer dizer, na forma como Garcia e Tarcísio estão levando a campanha, Tarcísio é favorito. Não de forma inexorável, mas mantido o padrão, sim.
3- Dentro do esperado, França vai caindo, gradualmente, porque as intenções de voto eram mais "recall" do que votos apropriados, França foi candidato a prefeito e governador, foi antiDoria, que é segmento vívido em SP, porém não tem toda essa votação sob controle. Vai cair mais. Está cometendo o erro de postergar a decisão. Vai encolher.
A pesquisa de governador que valerá a informação mais precisa será a de fim de julho, com as candidaturas mais públicas e estabilizadas. Hoje, a dimensão da disputa bipolarizada entre Lula e Bolsonaro, faz com que o eleitorado ainda esteja distante das eleições estaduais, com vários eleitores voláteis, por ora.
Quando em Julho as convenções se iniciarem, teremos o tempo para a decantação devida.
Tarcísio deu duas boas entrevistas, considerando seu público-alvo, Garcia ainda não logrou constelar sua imagem de governador para além das prefeituras. Uma tática de Milton Leite, começar pelas prefeituras pequenas e ir fechando o raio em direção das maiores. Faz sentido, pois os prefeitos de cidades pequenas têm mais influência no eleitorado, porém é necessária, mas não suficiente.
Garcia precisa entrar na classe média em SP, sobretudo Capital, onde é conhecido, mas não amado. Está demorando e Tarcísio pode arrematar parte grande desse eleitorado, com a aura de conservador bolsonarista civilizado, preparado, engenheiro, não maluco como o capitão.
É o que está fazendo, além de perseguir Garcia 15 dias depois, no périplo pelas prefeituras. Tem sido mais eficiente.
A bandeira da Segurança não é suficiente para Garcia conquistar a classe média, precisa ter outra proposta inovadora. Está bem conservador, na forma e na campanha. E lento.
França não sabe o que fazer, e a tese das duas candidaturas está envelhecendo, sem solução.
Ou vai ou não vai. Melhor, para ele, não ir, e tentar o Senado, contudo a vaidade sempre é um obstáculo penoso.
A alquimia "alckmiana", por falsa, não está rendendo nem para Lula, nem para Haddad.
Haddad está na praia da esquerda sem embarcação para outros pontos da costa. Se não souber construir um barco, vai morrer na praia.
Políticos experientes, erram ao não apreender que o eleitorado não é pacóvio e percebe a artimanha. Tirar o Alckmin foi jogada inócua para Lula e não resolveu problema da rejeição do PT em SP.
Como Octavio de Lazari Júnior do Bradesco nos ensinou: bobagem não respeita classe.
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