Governos reconhecem que Amazônia está próxima de ponto de ruptura
O engenheiro florestal e coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo, afirmou, durante o programa Análise da Notícia, que a Cúpula da Amazônia, realizada em Belém (PA), teve o importante significado de mostrar publicamente que os governos dos países que compõem a Amazônia reconhecem a urgência de preservar a floresta - e avalia que o encontro deixou claro que há uma preocupação de não deixar a floresta desaparecer, ou seja, atingir o ponto de ruptura ou "não retorno".
Os países amazônicos reconhecem o risco real do ponto de ruptura na Amazônia. É a primeira vez que esse reconhecimento acontece de forma coletiva e os governos precisam agir.
Tasso Azevedo
Floresta está próxima do ponto de não retorno. O principal indicador do ponto de "não retorno" ou de ruptura da floresta amazônica é a perda de floresta e, estudos indicam que o ponto de perda da Amazônia está entre 20% e 25% da destruição da vegetação. Hoje, o desmatamento já atingiu 17% da floresta, portanto, estamos a três pontos percentuais de um risco iminente do ponto de ruptura. Estudos mostram que com a atual taxa de desmatamento, em 15 anos, os 20% de desmatamento seriam atingidos na floresta.
Brasil destrói a Amazônia mais do que outros países. Enquanto a taxa de desmatamento é de 17% em toda a floresta, na parte brasileira da Amazônia o índice já é de 19%. Apesar da queda do desmatamento no local, o Brasil atingiria o ponto de ruptura em no máximo 5 anos, com a atual taxa de desmatamento.
Alguns locais da Amazônia brasileira já atingiram ponto de ruptura. O sudeste paraense é um local que apresenta sinais de já ter atingido o ponto de ruptura, sobretudo devido à redução expressiva no nível de chuvas na região. No Centro-Oeste e no norte de Mato Grosso, o aumento do período de seca na região cresceu uma semana a cada década entre os anos de 2000 e 2020, e isso também é uma evidência da proximidade com o ponto de ruptura. Estudos indicam que se o período de seca aumentar mais 15 dias, a segunda safra da agricultura na região seria inviabilizada.
Sociedade civil se mobilizou para a Cúpula da Amazônia. Apesar de o evento ter acontecido apenas nesta terça-feira (8), desde sexta-feira (4) diferentes grupos já se mobilizavam no local para a realização de eventos paralelos que debatessem a importância da preservação da floresta. Indígenas, quilombolas e ribeirinhos se reuniram para promover eventos que evidenciam a importância e urgência do evento.
Monitoramento coletivo do desmatamento é essencial. Uma das medidas que devem ser tomadas para a preservação da Amazônia é o monitoramento coletivo dos países sobre o desmatamento da floresta. O monitoramento deve ser implementado de forma conjunta em toda a Amazônia para que os resultados almejados sejam atingidos até o próximo encontro da Cúpula, que será realizado em 2025, e a estratégia de preservação e recuperação deve ser feita de forma conjunta.
Explorar petróleo na Amazônia é cair em contradição. A extração de petróleo na Amazônia, do ponto de vista da conservação da floresta não faz muita diferença. Entretanto, seria contraditório cobrar fontes de energia alternativas dos outros países do mundo, e, ao mesmo tempo, promover a queima de combustível fóssil, que sabidamente tem impactos na mudança climática e, consequentemente, impactos na Amazônia.
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