Carlos Madeiro

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Desmatamento cai na Amazônia e sobe no Cerrado, apontam dados do Inpe

Os alertas de desmatamento na Amazônia caíram entre agosto de 2022 e julho de 2023, segundo dados informados hoje pelo governo federal, com base do sistema Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais). Na contramão, o Cerrado teve alta no mesmo período.

Os recortes do Deter são mais detalhados e levam em contas sempre o período de 12 meses que vai de um ano ao outro. Os dados divulgados hoje englobam o final do governo Jair Bolsonaro e o começo da gestão Lula.

O que aconteceu

No período, foram desmatados 7,9 mil km² de área na Amazônia, uma queda de 7,4% em relação ao mesmo período 12 meses antes.

O estado do Pará seguiu com o campeão em desmatamento, com 36,2% do total desmatado. Mato Grosso vem em segundo.

Quando a gente olha mês a mês, percebe que nos últimos meses houve uma diminuição na Amazônia, diferente do que ocorria em 2021 e 2022. De fato, há uma tendência de diminuição de desmatamento na região.
Gilvan Sampaio de Oliveira, coordenador-geral de Ciências da Terra do INPE

Já no Cerrado, ocorreu o contrário: entre agosto de 2022 e julho de 2023, o desmatamento saltou 16,5%, alcançando 6,3 mil km² destruídos no período.

Nesse caso, o sistema aponta que a Bahia é o estado líder em desmatamento, respondendo por 26,3% de tudo que foi devastado.

Segundo o Deter, 78,7% do desmatamento são na região do Matopiba, que corresponde ao Cerrado de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

Diferentemente da Amazônia, acompanhando o período, a gente tem tendência de aumento. Nos últimos três meses, destaque para maio, com alta significativa, com depois um período de uma redução.
Gilvan Sampaio de Oliveira

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Transcerrado, rota de escoamento da produção do Matopiba
Transcerrado, rota de escoamento da produção do Matopiba Imagem: Governo do Piauí/Divulgação

Segundo a ministra Marina Silva (Meio Ambiente), o governo atuou na Amazônia, em um primeiro momento nesse semestre, com retorno da fiscalização e para acabar com o clima de impunidade dos crimes ambientais.

Fizemos as medidas emergenciais e faremos agora aquelas que serão estruturantes para proteger a Amazônia. Temos queda de desmatamento em vários estados e municípios, o que demostra uma queda consistente.
Marina Silva

Em relação ao Cerrado, a ministra disse que a atuação emergencial na região reduziu uma alta que seria ainda maior.

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Uma parte significativa é desmatamento no Cerrado é autorizado, e o Ibama só pode atuar em ilegais. Então vai requerer do governo uma estratégia muito mais integrada e articulada, com olhar para vários aspectos. E vamos fazer.
Marina Silva

Sistema

O sistema Deter foi criado em 2004 com a finalidade de monitorar, em tempo real, o desmatamento da Amazônia.

A partir de 2015, o sistema foi atualizado com a utilização de mais satélites, o que faz com os dados completos por ano só passassem a ser publicados de 2016 em diante.

Uma das ações que o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima informou que tem feito para conter o desmatamento na Amazônia é aumentar a fiscalização e fazer a retirada do CAR (Cadastro Ambiental Rural) daquelas propriedades que invadiram terras onde o desmatamento é totalmente proibido.

Segundo o Deter, 43% dos alertas de desmatamento estão em áreas do CAR.

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Nós já fizemos todas as retiradas de propriedade dentro de terras indígenas e estamos agora retirando das unidades de conservação e florestas públicas não destinadas. Acabou a fase do CAR sem fiscalização, que estava servindo como instrumento de grilagem.
João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima

9.fev.2023 - Ação da PF e outros órgãos na Terra Indígena Araribóia visou combater desmate ilegal
9.fev.2023 - Ação da PF e outros órgãos na Terra Indígena Araribóia visou combater desmate ilegal Imagem: Divulgação/Polícia Federal do Maranhão

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