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Opinião

Silvinei se autoincriminou ao mentir à CPI sobre ações da PRF no 2º turno

Durante o programa Análise da Notícia, o colunista do UOL José Roberto de Toledo afirmou que ex-diretor geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, preso hoje (9), já havia se autoincriminado ao mentir à CPI sobre ações da PRF no Nordeste no 2º turno das eleições presidenciais.

Silvinei se autoincriminou ao mentir à CPI sobre ônibus parados pela PRF no Nordeste no 2º turno das eleições.
José Roberto de Toledo

Silvinei mentiu sobre pontos de fiscalização. Em depoimento à CPI, Silvinei afirmou que a PRF havia feito 694 pontos de fiscalização pelo Brasil durante o 2º turno das eleições.

Números divulgados por ordem da CGU, entretanto, mostram que eram 911 pontos de fiscalização. Além disso, o ex-diretor da PRF disse à CPI que foram 228 pontos de fiscalização no Nordeste, quando, na realidade, foram 290, conforme documento divulgado por ordem da CGU.

Fiscalizações no Nordeste e Sudeste foram desproporcionais. Enquanto o Sudeste concentra 40% do eleitorado brasileiro e o Nordeste apenas 24%, o número de fiscalizações nas regiões foi inversamente proporcional.

Foram 290 pontos de fiscalização no Nordeste, onde Lula conquistou a ampla maioria dos votos no 1º turno das eleições, e apenas 191 pontos no Sudeste. Havia um alvo certo nas operações e era onde Lula possuía a maioria do eleitorado.

Silvinei convocou reunião suspeita na sede da PRF em Brasília. No dia 19 de outubro, Silvinei convocou uma reunião presencial com a cúpula da PRF de todo o país em Brasília. Havia 47 presentes, e celulares e relógios foram recolhidos na entrada do local.

A pauta do encontro, que não teve ata, foi dizer que a PRF precisava tomar um lado no 2º turno e, a partir daí, começou a ser organizada a operação que aconteceu no 2º turno das eleições. No Nordeste, 324 ônibus foram parados. No Sudeste, foram apenas 79 ônibus.

Anderson Torres passou mapa da votação para Silvinei. Ainda no dia 19 de outubro, na parte da noite, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres convocou Silvinei, o diretor de inteligência da PRF e a diretora de inteligência do Ministério da Justiça para apresentar um mapa da votação do 1º turno das eleições.

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O mapa, que foi fotografado por Anderson Torres e posteriormente encontrado em seu celular, mostrava locais em que Lula havia conseguido mais de 75% dos votos. Ali foi definida como seria feita a operação no 2º turno das eleições.

Silvinei foi intimado por Alexandre de Moraes no dia do 2º turno. Após as primeiras denúncias de ônibus parados no Nordeste no 2º turno das eleições, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, chamou Silvinei para ordenar que a operação parasse ou então ele seria preso.

Por conta disso, a intensidade da operação diminuiu, mas, ainda assim, Silvinei e Anderson Torres foram ao Palácio do Alvorada por volta das 16h30 para prestar contas para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Operação pretendia beneficiar Bolsonaro. Bolsonaro era o beneficiário do uso de recursos públicos e instituições públicas para tentar prejudicar Lula nas eleições. Hoje, a suspeita é de que os investigadores estão coletando o máximo de evidências e depoimentos para depois tomar uma atitude final contra o ex-presidente.

As provas caminham no sentido de que Bolsonaro tenha envolvimento na operação feita pela PRF e o comportamento de Silvinei é incriminatório.

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O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa:

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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