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Opinião

De Bolle: Previsões econômicas têm taxa de acerto menor que cara ou coroa

A economista Monica De Bolle afirmou durante o programa Análise da Notícia que previsões econômicas levam em conta fatores complexos e, por isso, a taxa de acerto e a previsibilidade da economia são baixas. O PIB do Brasil, por exemplo, cresceu 0,9% no segundo trimestre de 2023 e agora projeta-se um crescimento para 2023 muito maior do que o projetado no início do ano.

Previsões econômicas tem uma taxa de acerto menor do que cara e coroa e a razão é que a economia é um sistema repleto de complexidades e conexões difíceis de enxergar. Monica De Bolle

Previsão econômica x previsão meteorológica. Houve um tempo em que se comparava previsão econômica com a previsão meteorológica, pois as previsões do tempo eram notoriamente ruins. Atualmente, as previsões meteorológicas estão muito melhores e as previsões econômicas, não. Existem muitos "chutes" em previsões econômicas, diz a economista.

Previsão do crescimento ou retração do PIB é especificamente muito difícil. O PIB de um país é um retrato do que a economia produziu e do que gerou em termos de renda em um determinado período. É uma previsão notoriamente desafiadora porque é difícil ter uma noção real do que acontece em todos os setores econômicos.

Até mensurar o passado é difícil. O próprio IBGE, responsável pela divulgação do PIB no Brasil, "volta e meia" faz revisões do que já havia sido calculado, explica. Essa peculiaridade acontece também em outros países, comprovando a dificuldade da medição.

Brasil voltou a ter política econômica após quatro anos. Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando Paulo Guedes era o ministro da Economia, afirma De Bolle, não foi feito "absolutamente nada" em termos de política econômica no Brasil. "Além de uma má condução da política econômica durante a pandemia, em termos gerais também não houve política econômica. Agora o novo governo se propôs a fazer uma política econômica e uma das consequências positivas é uma melhoria da situação econômica, que foi refletida no PIB", afirma.

Movimento externo também influencia o crescimento econômico do Brasil. Todos os países do mundo foram atingidos pela inflação nos últimos anos e acabaram elevando sua taxa de juros. Agora, em uma tendência mundial de queda da inflação e juros, há espaço para que os países tenham mais margem para manobras econômicas e também mais espaço para se moverem em direção a um crescimento econômico. O Brasil também faz parte dos países que estão conseguindo reduzir a inflação e isso permite políticas econômicas mais condizentes com um crescimento da economia, avalia De Bolle.

Recomposição de renda das famílias brasileiras é ponto crucial. O Brasil é um país onde a grande massa da população é de baixa renda e é de extrema importância para a economia que essas famílias consigam consumir, defende a economista. Se o consumo das famílias de baixa renda está travado se fazem necessários programas sociais para recompor imediatamente esse consumo para que seja gerado um efeito de consumo que faça a economia se movimentar e provocar um crescimento econômico, avalia.

Sem insegurança econômica, a tendência é manter o crescimento. A situação brasileira hoje, comparada ao que parecia ser no início de 2023, apresenta uma expectativa de crescimento muito melhor nos próximos anos do que parecia há oito meses. Isso traz um alívio enorme. Monica De Bolle

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Redução de juros pode ter efeito positivo no crescimento do PIB. O Brasil está iniciando um ciclo de redução da taxa de juros e isso deverá ter um efeito positivo no investimento das empresas. As companhias brasileiras estão endividadas e pagando juros elevados mas, com um processo de redução de juros, "em algum momento mais à frente, elas vão ter mais espaço para investir e isso pode gerar um crescimento mais longevo que não vai depender apenas de gastos e consumo imediatos das famílias", diz De Bolle.

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O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 19h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa:

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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