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Opinião

Análise: Não existe desenvolvimento humano sem concertação política

No Análise da Notícia desta quarta (5), a coordenadora Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano), Betina Ferraz, afirmou que a concertação política é fundamental para melhorar os índices de desenvolvimento humano dos países.

Sem o diálogo em torno de temas que são chave ao desenvolvimento com valores democráticos, a gente não vai caminhar. Então essa retomada é chave para o Brasil. A inclusão de novos aspectos do desenvolvimento, como raça, gênero, discussão que envolve as questões climáticas, todos esses debates e a possibilidade de concertação serão grande chave para o desenvolvimento, não só no Brasil, como em outras partes do mundo. Betina Ferraz, coordenadora do Pnud

Betina Ferraz ressaltou que o relatório global do Pnud revelou que muitas pessoas estão dispostas a apoiarem políticos conservadores em prol do bem-estar.

Um dado global que nos preocupa, que nós lançamos nesse ano no relatório Global, é que as pessoas estão de fato tão bem informadas sobre esse padrão de desigualdade que existe nos países e entre os países, que elas até estão disponíveis a abrir mão da democracia por ganhos pessoais de bem-estar maior.

Então elas estão dispostas a terem políticos ou apoiarem políticos mais conservadores e menos comprometidos com os valores da democracia desde que isso reverbere em termos de bem-estar para elas e para as suas famílias.

O grande desafio agora de todos os governos é a construção de respostas mais rápidas e essa construção ela não se faz na política. Essa é uma conclusão do nosso relatório global, e aí voltamos a máxima da professora Conceição Tavares: "não se faz economia sem política, nem política sem economia. Betina Ferraz, coordenadora do Pnud

Ferraz detalhou os dados do último relatório divulgado pelo Pnud que mostram uma melhoria no índice de desenvolvimento humano da população negra no país.

O relatório traz pela primeira vez para o Brasil uma série temporal de dez anos, avaliando os IDHs, e isso é importante para os economistas, para os cientistas, no sentido da gente avaliar as tendências.

A gente teve uma melhoria do IDH dos negros no Brasil e, sobretudo, impulsionados pela diminuição da disparidade no IDH de menção à educação. E isso é chave para qualquer país, isso é chave para a condição, digamos, de promoção de uma sociedade mais justa, equitativa, que é o que a gente quer.

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Na atual tendência que a gente verificou no IDH nos últimos dez anos, seriam necessários 35 anos ou nove mandatos presidenciais para que as desigualdades, medidas pelo IDH de brancos e negros se equiparassem, ou seja, o IDH dos brancos e negros fosse o mesmo, tivesse o resultado final igual. Desde que quiser, nenhum branco melhorasse de vida, se eles ficassem parados, esse que é, isso também é um problema. Betina Ferraz, coordenadora do Pnud.

***

O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 13h e às 14h30.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja abaixo o programa na íntegra:

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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