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Análise: Governo de SP tenta ocultar dados que mostram piora na educação

No Análise da Notícia desta quarta (29), o jornalista Luiz Fernando Toledo comentou os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp) que mostram que a educação em São Paulo caiu ao pior nível desde 2014 entre adolescentes.

Toledo destaca que o Governo de São Paulo não divulgou os dados do Idesp no site da Secretaria de Educação, apenas em uma plataforma que geralmente não é consultada pela população.

Chamou a atenção o fato de o governo ter feito de tudo para, se não ocultar —porque os dados estavam na internet—, não destacar, não dar muito destaque para essa informação.

Todo ano, o governo do estado de São Paulo faz uma coletiva de imprensa, chama os jornalistas para divulgar os dados do Idesp, basicamente ele diz como está a qualidade do ensino no estado, nas escolas públicas estaduais. E esse indicador sempre é muito divulgado em releases, em textos que eles colocam no site do governo, que eles mandam para os jornalistas colocarem nos seus veículos e esse ano chamou a atenção que não teve isso, não foi divulgado nem no próprio site do governo, se você entrar no site da Secretaria de Educação essa informação não está lá.

O governo fez uma estratégia diferente, eles colocaram esses dados em uma plataforma de dados abertos, que é uma plataforma que geralmente não é vista pela população, ninguém vai entrar para acessar ali numa planilha de excel gigantesca em que você precisaria ali pelo menos ter algum software para você analisar esses dados e chegar ao resultado.

Também ao Análise da Notícia desta quarta (29), a presidente do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, criticou a forma como a tecnologia vem sendo usada na Educação pela gestão do governador Tarcísio de Freitas e ressaltou que a educação não pode ser gerida como uma instituição da iniciativa privada.

O primeiro ponto que a gente identifica, e a gente já tem monitorado isso desde o começo dessa gestão [Tarcísio] é uma questão ligada ao uso da tecnologia de inovações sem um combinado com a rede.

É muito importante você estabelecer inovações de forma muito dialogada, com formação, junto àqueles que vão implementar política pública. Então, desde as diretorias regionais, aos gestores escolares. O que aconteceu aqui em São Paulo é que foi anunciada uma série de medidas para poder criar uma gestão mais tecnológica, mais digital, como se do gabinete do secretário fosse possível observar o que acontece em cada sala de aula e isso, por si só, fosse resolver a questão da qualidade, como se o professor deixasse de fazer um bom trabalho porque ele não está sendo enxergado ali na sala de aula. Então, agora, com o sistema de monitoramento, o professor vai passar a dar uma aula melhor.

Essa é uma premissa equivocada, não tem nenhum amparo nas mudanças, a gente não tem nenhum lugar em que isso funcionou, mas isso foi adotado no estado de São Paulo de uma forma muito intensiva, isso ocupou muito tempo da gestão, isso criou uma fricção muito forte na rede.

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Depois aí cai o livro didático, começa a ter livro digital, aí volta o livro didático impresso de novo. Esse tipo de diversionismo, de fricção, de perda de tempo, de energia, isso faz com que a rede toda —que é uma rede enorme, a rede de São Paulo, ela é muito grande— acabe perdendo potência na execução das políticas públicas.

O que eu imagino é que a Secretaria de Educação de São Paulo deve rever essa forma de fazer gestão, porque tem que ter uma diferença entre a forma como a iniciativa privada faz a gestão das suas organizações, das suas instituições, daquilo que é da gestão pública. É muito diferente na gestão pública.

A Secretaria de São Paulo, de certa forma, importou uma forma de gerir a educação que vem da iniciativa privada. Isso não vai funcionar, isso não funciona em lugar nenhum. Ainda mais aqui em São Paulo, que tem aí já uma instituição muito bem formada na secretaria, nas escolas, tem uma governança muito bem instalada. As inovações elas são muito vindas, mas elas têm que ser trabalhadas de uma forma muito cautelosa. Tem que ter senso de urgência, mas não pode ter pressa.

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O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 13h e às 14h30.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

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Veja abaixo o programa na íntegra:

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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