Cadeiras e candidatos 'aparafusados' limitam efeito Marçal em debate
As cadeiras fincadas ao chão e os adversários mais preparados para lidar com provocações limitaram o efeito de Pablo Marçal durante o debate RedeTV!/UOL entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, afirmou o cientista político Cláudio Couto no Análise da Notícia de hoje (17).
Eu acho que, na realidade, essa mudança de posição dos candidatos que começaram a perceber, e até o Datena, né? Teve também uma postura mais cuidadosa ao lidar com ele [Marçal], não se destemperou dessa vez, usou seus direitos respostas. Também o trauma que, imagino eu, que o próprio Datena sofreu naquele debate da cadeirada, talvez tenha o deixado um pouco mais, digamos, retraído nesse momento e um pouco mais cauteloso.
Mas acho que foi isso, uma mudança em postura da mediação, da condução de debate pela jornalista e uma mudança também dos candidatos dos demais adversários para lidar com ele.
O cientista político ressalta que os debates vem aprendendo a criar regras para lidar com figuras como Pablo Marçal.
Eu acredito que em cada um dos debates, mesmo o da Gazeta, já houve uma tentativa de fazer isso. Eles foram produzindo um aprendizado cumulativo sobre como lidar com essa figura que, na realidade, faz um jogo, que não é um jogo, eu diria, nem convencional da política no sentido negativo, mas o jogo da civilidade humana.
Ele [Marçal] não consegue ter essa postura. E aí, ninguém estava muito esperando que tivesse que ir criando esse tipo de regra para poder lidar com uma situação inusitada. Aí, se sabe que há isso como alguma coisa possível, vai se adaptando, e acho que cada debate, talvez o próximo, seja um debate ainda mais bem resolvido desse ponto de vista.
Cláudio Couto afirma que Marçal demonstra como a sociedade precisa aprender a conviver com figuras populistas.
Eu acho que é um resultado de um aprendizado. Talvez a gente tenha, cada vez mais, que aprender como lidar com essas figuras, que eu vou chamar aqui desse fenômeno populista, seja na oposição, seja com novos chegados, como é o caso aí do Pablo Marçal, seja daqueles que já estavam um pouco por aí, mas que se fingiam de outsiders —como é o caso do Bolsonaro—, mas que produziam, quando entraram no centro do palco da política, uma lógica muito diferente daquela com a qual se estava acostumado a lidar.
E aí, consequentemente, há um período de aprendizado. Senão, a gente cai naquilo que eu tenho gostado de chamar de armadilha populista, que é isso, você comete todo tipo de transgressão, acaba produzindo do outro uma reação, que é uma reação descontrolada muitas vezes, mas muitas vezes uma reação compreensível, mas que você distorce a interpretação sobre ela e se coloca como vítima e coloca o outro como algoz. Era o que o Bolsonaro fazia com o Supremo Tribunal Federal também.
O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 13h e às 14h30.
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