Com propaganda e acesso livre a apostas, brasileiro perde R$ 23 bi por ano
Os brasileiros perdem R$ 23 bilhões por ano com as propagandas das bets e o acesso livre a apostas online, afirmou o colunista do UOL José Roberto de Toledo no Análise da Notícia desta terça-feira (1º).
O J.P. Morgan - que é o maior banco do mundo - fez um relatório muito detalhado sobre o mercado global do jogo, especificamente sobre qual é o tamanho da encrenca no Brasil. Os dados são todos imprecisos, mas mesmo com a imprecisão, no mínimo, nos últimos 24 meses, considerando até a metade desse ano, segundo o J.P. Morgan, usando dados do Banco Central, os brasileiros perderam a bagatela de R$ 23 bilhões. Não é que eles apostaram, eles perderam R$ 23 bilhões.
Para você ter uma ideia, 12% do déficit em conta corrente do Brasil com o exterior vem desse mercado de apostas. É um negócio que cresce 25% ao ano, segundo o relatório do J.P. Morgan. Os dados são absolutamente estarrecedores, as consequências são terríveis, tanto para a economia do país, das pessoas, dos indivíduos, das famílias, para o comércio, para o serviço, aumenta o risco bancário, aumenta o risco dos cartões de crédito.José Roberto de Toledo, colunista do UOL
Toledo detalhou o que pode ser feito para mitigar o problema das apostas online no Brasil.
Tem que restringir o acesso naquilo que for possível, tem que ter menos empresas, tem que ter menos oferta, tem que ter limites das quantidades de vezes que a pessoa consegue apostar ou o volume de dinheiro que ela pode apostar, tem que vedar a propaganda para o cara não ficar sendo estimulado pelo ídolo dele lá para ele apostar.
Enfim, tem que cortar o crédito, tem que cortar a propaganda, tem que dificultar o acesso. É o que dá para fazer por enquanto, mas é que a gente não fez nada. Qualquer coisa que for feita daqui para frente talvez diminua o problema ou talvez evite que o problema continue crescendo a taxa de 25% ao ano, que é o que nós temos hoje.José Roberto de Toledo, colunista do UOL
Toledo lembrou que o problema dos jogos online é um legado do governo do presidente Michel Temer. Agora Lula quer regulamentar para enxugar o número de empresas de apostas.
É um negócio que nasceu no governo Temer, cresceu no governo Bolsonaro e, agora, com dois anos de mandato, o governo Lula está tentando botar a ordem na bagunça. O que tem de acontecer? Tem de consolidar o mercado. Hoje tem mais de 300, 400 empresas de apostas por aí. A tendência ao regulamentar já vai dar uma enxugada grande no número de empresas, porque uma minoria delas se registrou, só elas vão poder operar em tese e a tendência que aconteceu já em outros países é consolidar o mercado. Vai ter empresa grande comprando empresa média, empresa média comprando empresa pequena, vão sobrar menos empresas. E todas as grandes empresas do ramo já estão instaladas no Brasil.
Toledo ressaltou que o próximo objetivo das empresas de apostas é aprovar uma lei no Congresso para permissão de cassinos presenciais.
O próximo passo delas, obviamente, vai ser aprovar uma lei no Congresso para permitir os cassinos presenciais. Já temos cassinos online, eles vão querer cassino presencial. Aí você vai dizer: 'Bom, mas já tem uma coisa, então dane-se vamos abrir tudo.' Não é bem assim, o mercado global de apostas voltando ao J.P. Morgan é estimado em meio trilhão de dólares por ano, mais de 545 bilhões de dólares por ano, só "25%" são online, o resto é presencial, é loteria, esses jogos tradicionais. São 136 bilhões de dólares, mais ou menos, que são do mercado online.
Então assim, não é porque liberou, fez essa bagunça aí, essa festa da Selma no mercado de apostas online, que você deve fazer a mesma coisa no mercado de apostas presenciais porque você não vai trocar um pelo outro, é outro público, são outras pessoas. Você vai expandir o mercado, então é hora de fazer uma política de contenção de danos com as bobagens que já foram feitas e evitar que novas bobagens venham a ser feitas pelos nossos queridos congressistas.José Roberto de Toledo, colunista do UOL
O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 13h e às 14h30.
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