Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Marçal é o 'Mileismo' se fortalecendo no Brasil, diz cientista político

O espectro político do candidato Pablo Marçal (PRTB), que mexeu com o campo da direita nas eleições municipais de São Paulo, indica uma proximidade ao que Javier Milei representa na Argentina, indicou o cientista político Rogério Arantes durante o Análise da Notícia de terça-feira (8).

Arantes, que é professor de Ciência Política da USP (Universidade de São Paulo), vê motivos para essa comparação: uma posição completamente antiestatal, com foco no êxito econômico e no empreendedorismo, mas também com menções religiosas. Esses aspectos diferenciam Marçal do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), avaliou.

Bolsonaro é militar, pregou o militarismo, flertou com a hipótese de um golpe; não passou pela cabeça dele desmanchar o Estado. Desmanchar as políticas públicas da esquerda, sim, mas desmanchar o Estado, não.

O Marçal representa outro tipo de ideologia de direita. O 'M' dele não é só de Marçal, também é de Milei. Ele é o mileismo chegando. O que caracteriza o mileismo? Sua posição antiestatal. Se depender dele, desmonta o Estado, desfaz não só as políticas públicas. Todas as atividades econômicas serão lícitas, inclusive as não lícitas, porque o que importa é empreender.

O professor relembra que Marçal fez ode ao "empreendedorismo" na tragédia do Rio Grande do Sul —quando foi incluído em um pedido de investigação do Ministério da Justiça para a Polícia Federal por divulgar informações falsas sobre a ajuda os gaúchos.

O sinal de prosperidade está no êxito econômico, não na obediência à regulação do Estado. Por aí, talvez estejam vindo ventos do sul, bem mais ao sul, inclusive por onde ele passou também fazendo campanha na época das enchentes, já difundindo essa ideia: que o Estado não salvaria aquela população da inundação, mas o voluntarismo dos civis e Deus seriam capazes disso.

Essa "novíssima" direita brasileira, como definiu Rogério Arantes, trará mudanças para as eleições de 2026, incluindo na escolha de nomes da esquerda —o presidente Lula (PT) não crava que buscará a reeleição.

Rumo a 2026, você tem duas grandes questões: no campo da direita, encontrar quem vai ocupar a candidatura. Em tese, Bolsonaro não vai poder, dada a inelegibilidade, e vai haver conflito entre a direita partidária e os movimentistas, esses que vêm das redes sociais, das mídias, youtubers e influencers da vida que estão aí agitando o cenário político.

No campo da esquerda, sem dúvida nenhuma, há enfraquecimento significativo e surpreendente, porque ganhou em 2022 e, na eleição de 2024, o cenário se mostrou bem ruim. [A esquerda] tem como o salvador desse campo o presidente Lula, sobre o qual ainda temos dúvidas de como vai se posicionar em relação à sua própria reeleição.

Continua após a publicidade

O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 13h e às 14h30.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja abaixo o programa na íntegra:

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes