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Josias de Souza

Problema da Educação é Bolsonaro, não Weintraub

Colunista do UOL

04/06/2020 18h30

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Pela segunda vez em menos de uma semana, o ministro Abraham Weintraub expôs o país a um duplo constrangimento. Primeiro ao constatar que o ministro da Educação teve de atender a intimações da polícia. Segundo ao verificar que Weintraub foi chamado a depor sobre encrencas que não têm nada a ver com Educação, o tema que deveria mobilizá-lo.

No primeiro depoimento, na sexta-feira passada, Weintraub preferiu ficar em silêncio para não se autoincriminar no caso que apura as ofensas que proferiu na reunião ministerial de 22 de abril, quando disse que, se pudesse, prenderia os "vagabundos do STF."

No segundo depoimento, ocorrido nesta quinta-feira, Weintraub continuou em silêncio. Mas entregou uma defesa por escrito, negando o caráter racista de uma postagem em que associou os chineses ao personagem de gibi Cebolinha, ironizando-os por trocar o 'R' pelo 'L'.

Nos dois casos, o ministro Weintraub revelou-se um personagem sem nexo. No primeiro, porque, depois de chamar magistrados de vagabundos e de dizer que Brasília é um cancro de corrupção, o ministro passou a recepcionar os apadrinhados do corrupto centrão no fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, principal cofre do seu ministério. No segundo, porque um ministro que não domina adequadamente o português não deveria ironizar um chinês que consegue se expressar na língua de Camões.

A movimentação do ministro Weintraub mostra que o Brasil tem um problema na área da Educação. Alguns acham que o problema é o ministro Weintraub. Se estivessem certos, a solução seria simples. Bastariam dois golpes de esferográfica. Mas estão enganados.

O problema da Educação se chama Jair Bolsonaro. Em algum momento, o presidente pode até afastar Weintraub, porque o ministro se inviabilizou com o Legislativo e o Judiciário. Mas se isso vier a ocorrer, o problema tende a se manter, porque o presidente nomeará um novo Weintraub. Ou coisa pior.