Birra com Joe Biden consolida o 'Projeto Pária'
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Se o Brasil tivesse um chanceler, Jair Bolsonaro já teria se rendido à lógica, cumprimentando Joe Biden pela vitória na sucessão dos Estados Unidos. A providência é recomendada por onze em cada dez diplomatas experientes e hábeis, qualidades desconhecidas do ministro Ernesto Araújo.
Se Deus intimasse Araújo a optar entre o exercício das relações exteriores e o isolamento, o ministro daria uma resposta rápida e fulminante: "Morra o multilateralismo". E, com isso, ficaria claro que, para Araújo, o isolamento é o grande acontecimento. Consolida-se sob Bolsonaro o "Projeto Pária".
Há duas semanas, o antichanceler Araújo discursou para uma turma de formandos do Instituto Rio Branco. A alturas tantas, lecionou: Se a atuação da diplomacia "faz de nós um pária internacional, então que sejamos esse pária."
Bolsonaro leva muito a sério o desejo de transformar o Brasil em pária. Podendo elevar a própria estatura, o presidente preferiu rebaixar o pé direito do Planalto. Na América Latina, já felicitaram Biden: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Venezuela, Equador, Guiana, Paraguai, Peru e Uruguai. O Brasil ficou na companhia do Suriname.
No resto do mundo, Bolsonaro colocou o Brasil do lado de China, Rússia e México. Num cenário de ruína econômica, o governo brasileiro decidiu se estranhar com o novo presidente do nosso segundo maior parceiro comercial. Por quê? Por nada!
Sabe-se que Biden encostará na jugular das autoridades brasileiras suas apreensões ambientais. Mas ainda não se sabe qual será a agenda do sucessor de Trump para o Brasil. Por enquanto, a única certeza disponível é a seguinte: por trás da descortesia de Bolsonaro há o nada. Ou Donald Trump, que muitos imaginam ser a mesma coisa.
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