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CGU sinaliza que assédios como o da Caixa terminam debaixo do tapete
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As informações armazenadas nos arquivos da Controladoria-Geral da União sobre a apuração de casos de assédio sexual no governo federal revelam o tamanho do serviço prestado ao interesse público pelas mulheres que denunciaram as investidas de Pedro Guimarães na Caixa Econômica Federal. Requisitados pela Folha, os dados revelam que foram instaurados 905 processos nos últimos 14 anos, desde 2008. Dois em cada três dos processos já encerrados resultaram em nada, nenhum tipo de punição. Essa contabilidade não inclui empresas públicas, como a Caixa.
A impunidade é um estímulo à subnotificação. Mulheres que denunciam o assédio não enfrentam apenas os agressores. Guerreiam contra uma cultura machista. Daí a importância das denunciantes de Pedro Guimarães. Uma manifestação apropriada do presidente da República ajudaria a interromper o hábito de varrer os assédios para baixa de todos os tapetes. Mas quem esperava por uma declaração consequente de Bolsonaro deve puxar uma cadeira. Ou um ronco.
Provocado por um devoto no cercadinho do Alvorada, Bolsonaro fugiu do tema: "Foi afastado o presidente da Caixa, tá respondido?", disse ele. Teve de se corrigir na sequência: "Ou melhor, ele pediu afastamento, tá?" Premiado pelo presidente com uma exoneração a pedido, o agora ex-presidente da Caixa faz pose de vítima.
Em artigo na Folha, sugere que a auditoria independente contratada pela Caixa para investigar as abordagens e apalpações de que é acusado pergunte aos dirigentes do banco se testemunharam o assédio sexual. Ora, alguns desses dirigentes já foram afastados por suspeita de cumplicidade.
Não fosse a eleição presidencial e a necessidade de Bolsonaro de acenar para o eleitorado feminino, o acusado de assédio ainda estaria no comando da Caixa. Para que a página não seja virada mais uma vez para trás, as mulheres que venceram o constrangimento precisam receber como resposta algo além de uma exoneração a pedido do agressor.
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