Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Lágrimas de Bolsonaro caem como jatos de água fria sobre planos de Valdemar
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Valdemar Costa Neto, o dono do PL, contou a correligionários detalhes de uma conversa que teve com Bolsonaro na semana passada. Aconselhou-o a reassumir seu ativismo político, retornando ao cercadinho e às redes sociais. Manifestou o receio de que o silêncio de Bolsonaro levasse à dispersão do seu eleitorado. "Você precisa falar com o seu povo", disse. O presidente ficou de refletir. Ainda não falou. E já começou a chorar em público.
Não foi um choro qualquer. Bolsonaro enxugou os olhos numa cerimônia militar, diante dos comandantes das três forças armadas e de uma plateia de fardados. Valdemar dizia, em privado, que ainda tinha esperanças de que Bolsonaro encarnasse rapidamente o papel de líder da oposição. As lágrimas do presidente caíram sobre o pedaço bolsonarista da legenda como jatos de água fria.
Depressão não era o que os bolsonaristas acampados na frente dos quarteis esperavam do "mito". Para os 60 milhões de eleitores de Lula, a depressão do presidente é apenas o preço total —com juros, multa e correção monetária— cobrado de uma vez só de alguém que não pagou suas parcelas de autocrítica nos últimos quatro anos.
Em 25 dias, Bolsonaro perderá as prerrogativas do cargo de presidente e o escudo fornecido pelo antiprocurador-geral Augusto Aras. Colecionador de processos, Bolsonaro estará mais suscetível a reveses judiciais. Deveria chamar Valdemar para uma nova conversa. Ex-presidiário do mensalão, o dono do PL aprendeu a lidar com apertos. Foi espremido num espaço de 15 metros quadrados. Sem choro nem vela.
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