Lula pode repetir Tancredo se optar por mulher no Supremo
Alheio ao descompromisso de Lula, que disse na segunda-feira que gênero e raça não serão critérios para a escolha do substituto de Rosa Weber, o novo presidente do Supremo Tribunal Federal incluiu no seu discurso o compromisso de aumentar a participação de mulheres nos tribunais. Com Lula sentado na poltrona ao lado, Luís Roberto Barroso acorrentou-se a critérios de promoção no Judiciário que levem em conta a paridade de gênero.
Barroso teve a sensibilidade de inserir a antecessora no panteão das "grandes figuras da história" do Supremo. Disse que irá sucedê-la, não substituí-la. Estavam na plateia os três homens que frequentam a lista de alternativas de Lula para a vaga no Supremo: o ministro da Justiça Flávio Dino, o advogado-geral Jorge Messias e o presidente do TCU Bruno Dantas.
Antes do início da cerimônia de posse de Barroso, Dino, Messias e Dantas posaram sorridentes para os fotógrafos. Dino brincou: "Vamos manter a amizade independentemente de quem for escolhido". Entre risos, os outros dois concordaram.
A cena faz lembrar uma passagem da biografia de Tancredo Neves. Eleito presidente da República no Colégio Eleitoral, Tancredo intensificou a articulação para a escolha da equipe ministerial que seria empossada por José Sarney depois da sua morte.
Autocandidato a uma vaga na Esplanada, um deputado pôs-se a plantar notinhas nos jornais. Incomodado com o silêncio do presidente eleito, pediu uma audiência. "Doutor Tancredo, está todo mundo perguntando se vou ser ministro. O que eu faço?" E Tancredo: "Diga que eu te convidei e você não aceitou". Na remota hipótese de optar por uma mulher, Lula pode adotar a mesma fórmula com Dino, Messias e Dantas.
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