Josias de Souza

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Opinião

PF faz de Juscelino hemorragia que Lula se absteve de estancar

Das várias maneiras para se atingir o desastre, a jogatina é a mais segura; o adultério, a mais prazerosa; e fechar os olhos para o óbvio, a mais certeira. Lula dá de ombos para o óbvio ao fingir que não vê a invasão da Polícia Federal na biografia do ministro Juscelino Filho, o especialista em cavalos que o União Brasil indicou para chefiar a pasta das Comunicações.

Já sabia que Juscelino ocultou da Justiça Eleitoral a fortuna que mantém em seu haras, voou nas asas da FAB para um leilão de cavalos em São Paulo, retirou diárias do bolso do contribuinte e levou asfalto à porteira de sua fazenda com verbas do orçamento federal.

Antes do asfaltamento, descobriu a PF, a mesma estrada foi aplainada com dinheiro do contribuinte. No total, encontram-se sob investigação R$ 10 milhões em emendas penduradas por Juscelino no Orçamento federal. Para complicar, o inquérito policial aponta que as obras foram tocadas por duas empresas cítricas, comandadas por laranjas. Numa, um amigo do ministro seria o proprietário oculto. Noutra o dono invisível seria o próprio Juscelino.

Em março, Lula declarou que Juscelino "não pode ficar no governo" se "não provar sua inocência". Gleisi Hoffmann, a presidente do PT, declarou que Juscelino deveria deixar o governo por conta própria, para não constranger Lula. Líderes do partido do ministro, o União Brasil, o deputado Elmar Nascimento e o senador Efraim Filho, acusaram Gleisi de falta de coerência, pois prega direito de defesa para petistas enrolados e prejulga os não-companheiros.

Numa administração de respeito, se um ministro executa movimentos desmoralizantes, ele é mandado embora. Se o presidente mantém o auxiliar desmoralizado no cargo, desmoraliza-se o governo. Se a desmoralização acontece antes no primeiro ano de um gestor em terceiro mandato, esculhambam-se os três anos que restam de mandato.

Lula deveria já deveria ter premiado Juscelino com uma demissão que lhe propiciasse mais tempo para cuidar de sua defesa. Como o ministro vai ficando no cargo, não resta a Polícia Federal senão a alternativa de converter o ministro numa hemorragia que Lula se absteve de estancar.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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