Josias de Souza

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Opinião

Bolsonaro é conduzido à cadeia pelas 'minhas Forças Armadas'

Com sua pose de vítima, Bolsonaro não leva em conta a realidade. Em compensação, a realidade também não o leva em conta. Enquanto ataca Lula e Alexandre de Moraes, Bolsonaro é dinamitado na Polícia Federal por comandantes militares que não conseguiu cooptar. Os depoimentos do general Freire Gomes e do brigadeiro Baptista Júnior, agora conhecidos na íntegra, pavimentam o caminho que leva Bolsonaro à cadeia.

Os fatos expostos no inquérito não deixam de existir porque Bolsonaro os ignora. Ao contrário. Os fatos já haviam sido empurrados para dentro da investigação pela delação do tenente-coronel Mauro Cid e pela indiscrição dos equipamentos eletrônicos apreendidos em poder do ex-ajudante de ordens. Teimosos, os fatos voltam a se impor nos depoimentos dos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica.

Freire Gomes e Baptista Júnior como que imprimiram as digitais de Bolsonaro na documentação do golpe. Forneceram corda para o enforcamento de pelo menos mais dois golpistas fardados —o almirante Almir Garnier e o general Paulo Sérgio Nogueira— e um paisano —o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

Inviabilizou-se a tese da defesa segundo a qual o golpe não é crime porque Bolsonaro não teria passado da fase dos atos preparatórios.

Ironicamente, a chave da cadeia é fornecida aos investigadores não por inimigos do governo ou do Judiciário, mas por legítimos representantes daquilo que Bolsonaro chamava de "minhas Forças Armadas".

O mito e seus devotos odeiam a realidade. Mas o inquérito da Polícia Federal tornou-se o único lugar onde se pode conseguir um roteiro decente sobre a trama que fez de Bolsonaro um futuro presidiário.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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