Josias de Souza

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Opinião

No caso Marielle, Lewandowski faz a espetacularização do nada

É preciso ser justo. Desde que começou a comandar o Ministério da Justiça, no início de fevereiro, Ricardo Lewandowski rala para demonstrar sua serventia no cargo. Já tentou tudo. Por enquanto, tudo não quis nada com o ministro. Na penúltima tentativa, Lewandowski flertou com o desespero. Cavalgando o caso Marielle, promoveu a espetacularização do nada.

Na semana passada, Lewandowski havia sinalizado que o inquérito sobre a execução de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes estava próximo de um desfecho. "As notícias que temos é que vamos encontrar os criminosos. Espero poder anunciar isso em breve." Decorridos cinco dias, o ministro mandou chamar a imprensa.

Os repórteres passaram os ouvidos a limpo. Imaginaram o seguinte: depois do suspense que criou, o ministro não se atreveria a aparecer diante dos refletores em outra forma que não que não fosse a de uma resposta categórica para a interrogação que pisca no letreiro nacional há seis anos: Quem mandou matar Marielle?

Correspondendo às expectativas de quem não vê motivos para esperar muito dele, Lewandowski limitou-se a anunciar que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes homologou a delação premiada de Ronnie Lessa, o criminoso acusado de puxar o gatilho. Reiterou: "Brevemente teremos a solução do assassinato".

O problema de certos espetáculos é que o público não está devidamente ensaiado. "Queremos respostas", bateu Monica Benicio, a viúva de Marielle. Lewandowski vem do Supremo Tribunal Federal. Ali, há dois tipos de ministros. Alguns acham que são Deus. Os outros têm certeza. Na pasta da Justiça, a maior decepção de Lewandowski é a descoberta gradativa de que também está sujeito à condição humana.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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